segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Barça 5 x 0 Real, uma homenagem ao futebol


Não jogo videogame nem frescobol, mas a precisão da troca de passes desse maravilhoso Barça de Xavi, Iniesta, Messi, Pedro e companhia lembra a troca frenética e exata de passes virtuais; e a velocidade vertiginosa e mesma precisão das raquetinhas das areias. Mas, claro, futebol é muito melhor e maior que joguinho e brincadeira de praia. E maior ainda - alcançando o raro patamar de arte tão refinada como se fosse uma exposição de algum gênio da pintura ou escultura - é o futebol criado nas canteras (campinhos) de La Masia: a escolinha e fábrica de talentos deste time que não é um mero time, mas um clube e uma filosofia e ideologia de vida chamada Barcelona.
Uma ideologia do toque de bola, do futebol arte, do futebol que aprendemos a amar. Da bola de pé em pé que aprendi a amar primeiro com o Flamengo de Leandro, Júnior, Andrade, Adílio, Zico e Cia; depois com o Brasil de Telê e seus gênios reunidos no meio-campo – Cerezzo, Falcão, Sócrates e Zico; depois com o São Paulo de Cilinho e depois de Telê e seus comandados tricolores.
O mesmo toque que um dia foi implantado por Cruyjff no Barça e depois seguido por sucessivos treinadores até alcançar um grau ainda mais elevado e belo com Pep Guardiola. Sim, com Guardiola o que já era belo ficou espetacularmente belo. Porque o toque de bola, o tik-tak que sempre existiu, sob o comando de Pep no banco e de Xavi e Iniesta em campo alcançou uma velocidade e verticalidade jamais vistas antes.
As tabelinhas do DNA azul-grená, da escola barcelonista de futebol, vem do passado; mas essa rapidez e enfiadas de bolas inacreditavelmente agudas e verticais, isso veio com Xavi e Iniesta, a dupla de mágicos ilusionistas misturados a franco-atiradores de precisão letal. E ainda há Messi, o gênio-carrossell, o menino-homem que simplesmente joga como se fosse uma metralhadora disparando e acertando o alvo para qualquer lado.
Tudo isso transformou o Real Madrid em pó em poucos minutos do massacre humilhante de hoje.
Tudo isso salva o futebol, o esporte e a arte - a cada recital do Barça – da mediocridade pragmática do futebol de resultados imposto pela maioria dos treinadores do mundo todo.
Obrigado, Barça, por mais uma demonstração de que a vitória do romantismo ainda é possível. E como é bacana ver um time fantástico desse ainda ser estrelado por homens tão discretos, humildes e sérios como Xavi, Iniesta e Messi. E liderado por um capitão à moda antiga, nobre leão, chamado Carles Puyol.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Exemplares na quadra e caráter


Ah se todos os grandes atletas brasileiros fossem assim. Na madrugada de terça pra quarta, acordei para vê-las. Acabei capotando, mas acordei a tempo de vê-las dando entrevistas ao final da bela vitória contra as americanas. Quando Jaqueline surgiu, o repórter perguntou como se sentia ao ter se destacado tanto no ataque, o que não é comum já que Jaque faz mais funções defensivas e técnicas (tem o melhor passe da seleção e defende como poucas). Jaque, mesmo sendo a maior pontuadora da partida, respondeu: “Sou mais uma coadjuvante mesmo, jogo para a equipe, mas é bacana quando faço muitos pontos”.
Sim, essa formidável Jaqueline, jogadora completa (poucas no mundo defendem e atacam tão bem, e são tão técnicas), preferiu assumir sua condição de carregadora de piano do que aproveitar os louros de seus 18 pontos em partida tão dura contra as vice-campeãs olímpicas. Fiquei imaginando se algum grande nome do nosso futebol teria a humildade de mostrar a mesma opinião.
Pouco depois, outra que fez belíssima partida, a meio de rede Thaísa, começou a chorar quando a TV a colocou em contato, direto do Japão, com seus pais, que estavam no Brasil. Lembrei dos idiotas que criticavam a sensibilidade de nossas meninas do vôlei antes delas se consagrarem campeãs olímpicas em Pequim e calarem a boca dos que as acusavam de sensíveis demais.
Bela e bem-vinda, até exemplar para as crianças e jovens que dão seus primeiros passos no esporte, é o coração sensível, de quem sente demais, de nossas meninas do vôlei.
Sábado cedinho, 7 horas, tem mais. Hora da semifinal contra o Japão. E domingo, a grande final.
PS – Bem diferente do super vencedor mas histérico Bernardinho, como é bom admirar a calma e broncas nas horas certas desse excepcional treinador e ser humano, Zé Roberto Guimarães.


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O homem que amava o futebol


Nenhum outro amou – e ama - tanto o futebol como ele.
Nenhum outro precisou tanto do amor da torcida.
Nenhum outro precisou tanto escutar o seu nome gritado pelas torcidas e por todo um povo.
Nenhum outro fez um outro povo que não o seu torcer contra o próprio país em plena Copa do Mundo. Porque para os napolitanos do sul pobre e sofrido ele era muito mais importante e querido que a própria Itália na Copa de 1990, disputada... em plena Itália! Sim, o povo de Nápoles torceu para Maradona e sua Argentina contra a Squadra Azzurra.
Nenhum outro foi aclamado com um fervor tão profundo que por isso foi apelidado de Deus. Nem mesmo o Rei alcançou esse grau de adoração. Aliás, Pelé nunca foi amado como Maradona foi pelos argentinos e pelos napolitanos.
Poucos brasileiros entendem o que significa ser “Dios”. Preferem debochar e atacar o deus do futebol argentino. Poucos entendem como foi quase um milagre construir-se o mito Maradona ao mesmo tempo em que ele não conseguia desvencilhar-se das fraquezas do homem e menino Diego.
Sim, o Rei jogou mais. Mas não ganhou uma Copa “sozinho” como Maradona e Garrincha. E o nosso Atleta do Século não tinha que enfrentar, além dos adversários, os seus próprios demônios internos e a falta de estrutura para lidar com a fama e fortuna. E Pelé não veio de um lugar tão miserável como Diego, pois a sua Bauru da infância era muito mais digna e esperançosa que a Vila Fiorito, em Lanús, periferia de Buenos Aires. Pelé também contou com o respaldo e sabedoria de um pai e mãe muito mais preparados e educados, seu Dondinho e dona Celeste.
Quem quer conhecer a dimensão do amor de Maradona pelo futebol não pode perder o filme La Mano de Dios (está passando no Sportv), obra do cineasta italiano Marco Risi, que faz um preciso – tão belo quanto chocante e trágico – retrato da carreira do mais apaixonado futebolista de todos os tempos.
Por todo o filme vemos a mágica de Pelusa, depois Dieguito, depois Maradona e, enfim, Dios (Deus) ao longo dos anos quando sua varinha encantada, a perna esquerda, acariciava, na verdade, amava, uma bola de futebol. Mas vemos também como o gênio do futebol ia perdendo, fora dos campos, para adversários duríssimos chamados aproveitadores (entre eles, seus empresários), drogas (em especial a cocaína), putas, mafiosos e sua própria necessidade de ser sempre adorado, porque Maradona foi sempre o mesmo menino precisando de carinho e alento. Mesmo quando já consagrado como um deus dos gramados e de seu país carente de heróis no auge de sua carreira, quando a Argentina ainda vivia sob uma terrível ditadura militar, ele precisava ouvir seu nome cantado naquele irresistível “Maradô! Maradô! Maradô! Maradô!”.
Não, caros críticos de Diego, La Mano de Dios não é uma bajulação sobre ele. Pelo contrário, estão lá todas suas passagens mais terríveis com a cocaína e como isso praticamente destruiu parte importante de sua carreira. Está lá a proteção que tinha da Máfia de Nápoles, proteção que graças à sua ingenuidade no começo lhe custaria caro. Estão lá suas seguidas traições àquela que o amparou nos momentos mais duros, a namorada, depois esposa, Cláudia. Está lá a dor de não conseguir largar o vício enquanto via as filhas crescerem e ele seguir afastado de sua melhor forma no futebol. Estão lá todas as falhas e erros de um homem que, diferente do gênio dos campos, errou demais.
Está lá toda a dor de uma das cenas-chaves do filme: quando ele sai do quarto após uma crise gerada pela droga, entra na cozinha e sua filhinha está brincando com uma bexiga. Maradona pega a bola com a mão para a decepção da menina com um conselho e lei que ele mesmo um dia lhe dera e agora maculava:
- Papai, você pegou a bola com a mão.
O rosto de Maradona, por desapontar a filha, é uma das mais belas e tristes verdades de sua vida. Mas é também um dos acertos deste filme: mostrar como ele amava, e ama, suas duas meninas.
Amor. Em poucos gênios do esporte e ícones de nosso planeta e história percebemos como a mais poderosa e valiosa das palavras-sentimentos é tão verdadeira. Em todo o filme há um fio condutor vital, uma cena que se repete toda vez que Maradona se mete no poço escuro das drogas ou outras falhas: surge sua lembrança, real, de quando era menino e quase morreu sufocado e afogado num poço cartesiano cheio de barro e água em plena tempestade.
O que o menino Diego estava fazendo para cair num poço fundo é a grande pista para descobrirmos como ele amava o futebol. Seu pai tenta salvá-lo seguidas vezes mas o menino reluta em tentar ser salvo antes de conseguir encontrar o que tanto procurava.
Diego só dará a mão a seu pai depois de encontrar o que tanto lhe importava. Um objeto que foi sempre igual ao seu próprio coração.
Imaginem o que ele buscava.
Ou vejam o filme e aprendam a amar também esse homem que errou demais mas que nunca ocultou isso. Como ele mesmo disse no dia de sua despedida do Boca Juniors: “Eu errei demais na vida, mas nunca manchei a bola de futebol”. La pelota no se mancha, disse Diego antes da Bombonera quase vir abaixo emocionada.
La pelota...
Nenhum outro amou-a tanto.
Talvez por isso nenhum outro fez tantas maravilhosas misérias com ela, seja do tamanho e material que fosse. De uma laranja ou uma maçã, de uma bolinha de papel ou da bola oficial, Maradona sempre soube realizar as mais belas embaixadinhas com qualquer coisa que tivesse a forma aproximada de uma bola.
A bola que ele nunca deixava cair porque era igual ao seu coração.

sábado, 6 de novembro de 2010

Viagem sem fim

Poucas jogadas são tão belas e emocionantes no esporte: a bola parece que não vai cair nunca. Obedece à entrega de atletas sem medo que se atiram sem medo em defesas quase impossíveis. Ataques e defesas se sucedem como uma troca de torpedos sem fim de uma partida de tênis.
O tempo corre a algumas atacantes começam a diminuir a força. Sabem que a derrota nesta jogada dará muita moral às adversárias. O medo de errar aumenta o drama e a bola não tem outra opção senão viajar quase que eternamente de um lado a outro da rede.
O público, que mal respira, não quer que o lance termine; o locutor de TV carrega no tom épico e exagerado que a jogada realmente merece.
Até que alguém mais experiente ou louca mesmo consegue encontrar um espaço ou simplesmente enfia a mão e acaba com a brincadeira.
A bola cai, o ponto termina e a nós, amantes do esporte, resta a raiva de quem estragou esse grande prazer e espetáculo chamado rally do voleibol.

* Italianas e alemãs protagonizaram um inesquecível rally de quase um minuto e meio hoje no Campeonato Mundial. As germânicas venceram esta disputa, no 1º set em que venceram, mas depois perderam para as renascidas italianas, que foram comandadas por uma espetacular atuação da deusa Francesca Piccinini, 25 pontos no jogo. 3 sets a 1, com um 2º set de também espetaculares 32 a 30 para as bellas da Bota, que na sequência enfiaram um massacrante 25 a 8 e depois fecharam o jogo.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A nova Marta?


O que aprontou essa japonesinha,Kumi Yokoyama, no Mundial Sub-17, já está fazendo com que a comparem a Messi. Ou Marta. Não sei se é mais bacana o gol ou a locução apaixonada do japa.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Um raro gol por cobertura

Como é bom, mas raro, ver um atacante não se intimidar na frente do goleiro e surpreendê-lo com um leve tapa na bola, encobrindo o arqueiro. Raríssimos jogadores hoje têm a coragem de fazer essa jogada. Preferem chutar forte e rasteiro e geralmente jogam em cima do camisa 1 ou na arquibancada. Muller, que brilhou demais no São Paulo e também no Palmeiras, era mestre nessa frieza e habilidade na cara do gol. Pois o uruguaio Loco Abreu a executou com classe e tranquilidade no último sábado, dando a vitória ao seu Botafogo contra o Atlético, fora de casa. Golaço, muito mais difícil que os falsos golaços preferidos pela mídia na última rodada, pois as bombas de fora da área que andam acertando alguns é pura sorte.
Parabéns ao Loco, sempre um artista e matador com sua cavadinha polivalente.

domingo, 24 de outubro de 2010

Contra tudo e todos, Jade

Não há história de superação maior no esporte brasileiro dos últimos dois anos. Ela foi dada como acabada após ir mal na Olimpíada de Pequim, onde competiu com o punho fraturado sem os médicos da seleção brasileira de ginástica saberem. Após os incompetentes terem descoberto a gravidade de sua lesão no punho direito, alguns médicos (ou criminosos?) afirmaram que ela não poderia nunca mais fazer ginástica,que e a mesma coisa que a vida. Disseram que deveria abandonar o esporte.
Jade Barbosa parou de treinar, engordou 9 quilos, mas a força de seus companheiros de treino no Flamengo, o apoio do pai (não da mãe, que faleceu quando ela tinha 9 anos) e o carinho das pessoas nas ruas não a deixaram desistir. Ela voltou a treinar usando uma mão só (não me perguntem como conseguia fazer isso, mas é fato), foi melhorando aos poucos do punho direito necrosado e ontem, em Roterdã, Holanda, a carioca de apenas 19 anos conquistou a medalha de bronze no Mundial de Ginástica na prova do salto sobre o cavalo.
Por tudo que passou, essa tão amada atleta, pelo público - mas também ironizada pelos pobres de espírito (pela carinha de choro em muitas competições) – devia ter o seu bronze explodindo nas manchetes de todos os jornais, sites e programas de TV. Pena que hoje, ao buscar informações sobre ela, só encontrei dentro das páginas de “outros esportes”, e não nas homepages, nem nas homepages de esportes. Típico caso que mostra o que muitos editores brasileiros valorizam mais: mostram que preferem ter ibope com musas de clubes peladas e jogadores de futebol falando baixarias (Roberto Carlos é o boçal da vez) em vez de nos informar com um feito tão belo e difícil.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Segunda Pele

O torcedor que ama um clube sente quando seu jogador realmente veste a camisa como uma segunda pele. Percebe a entrega total (bem diferente da ocasional, de jogadores com prazo de validade). Percebe que naquele jogador bate um coração não só de atleta mas de um tão raro jogador-torcedor.
Um jogador que luta por uma camisa, equipe e clube como se fosse ainda um menino empurrando esse mesmo clube das arquibancadas da infância.
Quem ama o São Paulo já reclamou muito dele. Já se irritou demais com sua ineficiência e inaptidão como ala direito, tanto para marcar como para atacar, sobretudo, cruzar.
Mas quem ama este clube e, outra raridade em se falando de um torcedor, quem tem memória, lembra de um jovem e promissor volante que foi um dos pilares do nosso 6º título brasileiro.
São esses os torcedores que se emocionaram ao verem o gesto e a reação de Jean no último domingo. Depois de o xingarmos após dois gols absurdos que ele perdeu, sentimos uma emoção profunda não só com seu gol apoteótico da vitória aos 47´do 2º tempo. Sentimos a emoção profunda pela forma com que ele puxou a camisa tricolor e agarrou-se a ela enquanto comemorava, aos prantos, o gol com que tanto sonhava.
Jean parecia puxar-chamar seu pai, “pai, olha o que eu fiz!” - devia estar gritando por dentro. Parecia mesmo querer mostrar-lhe algo,
Esse algo é o seu amor por um pai chamado São Paulo Futebol Clube.
É sempre mais belo o gol de um legítimo e sincero jogador-torcedor.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Artilheiro e gente boa


No meio de tanto jogador marrento, mascarado e baladeiro, Jonas, o artilheiro do Brasileirão 2010, é quase um E.T. Um raro jogador pacato que preserva sua vida particular e não ostenta o que o salário de um grande clube como o Grêmio lhe permite.
Abaixo segue um trechinho do perfil do Jonas publicado no Lance!:
"Imagine aquele estereótipo de jogador famoso. Correntes de ouro, carro importado, casarão com piscina... Nada disso faz parte da rotina de Jonas. Ele mora em um apartamento simples, de dois dormitórios, em um bairro próximo ao Olímpico que está longe de estar entre os mais luxuosos de Porto Alegre. Dirige um Astra 2006, comprado ainda nos tempos do Santos. No mundo do futebol, é como ter um Fusca.
- Ele mantém hábitos simples. Passa todas as férias em Taiúva, de bermuda e chinelo. Não foi contagiado pela fama. Odeia glamour - diz Diego Oliveira, o irmão do meio.
Em Porto Alegre, o atacante pouco sai. Não é visto em baladas. No máximo, sai para jantar. Mas ele adora mesmo quando os pais passam uma temporada na capital gaúcha. Chega feliz em casa quando o cardápio é à moda Taiúva: arroz, feijão, bife, tomate e alface.
Em sua cidade natal, Jonas virou astro. Já era conhecido por sua habilidade, e também porque seu pai foi prefeito e sua mãe, vereadora. Agora, com o sucesso no futebol, virou o filho ilustre do município. Apesar da distância dos familiares, o atacante fala diariamente com os pais e os dois irmãos. Tudo é resolvido em família, desde as compras maiores aos contratos de trabalho."
(Por Mauro Graeff Júnior)

Acompanhe no vídeo a emoção de Jonas ao falar do papel de sua família em sua vida:
<a href="http://video.msn.com/?mkt=pt-br&playlist=videoByUuids:uuids:c969f386-2c55-4265-bc44-521b25448166&showPlaylist=true&from=IV2_pt-br_lancenet&fg=lancenet" target="_new" title="Jonas se emociona ao lembrar do apoio da família">Vídeo: Jonas se emociona ao lembrar do apoio da família</a>

domingo, 10 de outubro de 2010

O Tri e a Mancha

Um passeio. Comandados por um impecável e valente Bruninho e por um matador implacável e frio chamado Leandro Vissoto (impressionante a tranquilidade e precisão com que vira tudo quanto é bola) o Brasil conquistou o tricampeonato mundial de vôlei sem dar a mínima chance para o jovem e inexperiente time cubano.
A vitória tranquila de 3 sets a 0 tornou ainda mais inaceitável o papelão da derrota proposital contra a Bulgária, ordenada por Bernardinho para que fugíssemos, numa fase anterior, de... Cuba.
Como bem escreveu em seu blog o maior jornalista esportivo do país, Juca Kfouri:
"Resta dizer que o melhor vôlei do mundo deve respeito a si mesmo e a quem paga para ver seus jogos, razão pela qual foi deplorável que tenha entregado o jogo para a Bulgária, o que associa para sempre o extraordinário tri ao gesto ordinário. Fins nobres não justificam meios podres."

Precisava manchar a conquista dessa excepcional seleção que você mesmo formou, Bernardinho?
O esporte jamais combinou com Maquiavel.
* Abaixo a entrevista do líbero Mário Jr. e sua sinceridade ao revelar como foi difícil entregar o jogo contra os búlgaros:

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Eles jogam (encantam) com 12

Eles oferecem o melhor do circo da bola: a arte, a mágica, os malabarismos, os domadores de leões-adversários truculentos, e a alegria. A alegria que, coisa rara em seleções sempre com algum atrito entre suas estrelas, demonstram entre si, como se todos fossem grandes companheiros, amigos mesmo. Por isso que a Argentina deu outro belíssimo espetáculo ontem nos 4 a 1 que poderiam ser 8 a 1 na Coreia mais forte e não na Coreinha com a qual sofremos... Tudo isso só acontece porque ali ao lado, como bem lembrou Cléber Machado, na Globo, há um Maradona que é “técnico, ídolo e companheiro”. Diferente dos tolos que ainda debocham de Diego, Cléber já percebeu como a presença, carisma e comprometimento inteligente - sentimental e não marcial como o que força Dunga – de Maradona vem inspirando sua seleção a brilhar com uma alegria e beleza quase única nessa Copa com tantas seleções jogando com medo, covardia ou sem a mínima fantasia e imaginação.
Por isso que ontem Tévez e Di Maria foram infernais, Higuain engoliu a área e os rivais, Aguero entrou e distribuiu doces e Messi, bem, Messi arrebentou de novo. O melhor do mundo não marcou (algum idiota ainda implica com isso frente à devastação que o baixinho vem causando???) mas foi o estopim de cada ataque avassalador de sua seleção. Por isso que os argentinos dão o sangue – sem desistir da invenção e dribles, caro sargentão Dunga... – em cada jogada.
Como não dar o sangue pelo maior de todos, o ídolo, herói e Diós da bola que é seu líder? Um líder respeitado e amado, e não temido, como Dunga.
Como não fazer o seu melhor por seu ídolo tão humano?
Como não procurar o drible e a jogada bonita se ali ao lado, apoiando com emoção e carinho, está o rei do drible?
Como não ver o campo majestoso da Copa - suntuoso, grama impecável – paradoxalmente parecido com aquele campinho de bairro de terra e esburacado onde os jogadores argentinos brincavam de jogar bola quando pibes, garotos, exatamente como aconteceu com o próprio Diós?
Como não ser fiel ao treinador que é também um grande paizão, demonstrando e distribuindo afeto e apoio a cada jogo e treinamento?
Como não jogar bonito, sendo fiel à sua escola da tabelinha, do “toco y me voy” e dos dribles insinuantes em espaços curtos, se ali ao lado está o mestre máximo desse estilo? Do estilo que os argentinos jamais renunciarão pela covardia do futebol de resultados, bem diferente desse Dunga que vende a alma de nosso futebol pela glória dos títulos.
Como não ser fiel à beleza que é o futebol arte se o artista maior, Maradona, ainda mostra, mesmo como treinador, a maravilha de toques mágicos a cada bola que sai do campo e parece procurar seus pés? A cada bola como aquela surreal de ontem: a bola saiu forte pela lateral em sua direção e de repente ele devolve-a, com a parte lateral externa do pé próxima ao calcanhar, na mão do argentino que já cobra o lateral... Mágica, pura mágica. Não é à toa que o Cléber Machado, diferente de um palhaço triste que ficou nos estúdios da Globo na Brasil, torce a toda hora para a bola sair e alcançar Diego. Cléber torce pela arte e se alegra feito um adulto que tem saudades do garoto que era quando o Gênio desfilava pelos gramados.
Não percam os shows argentinos. A única seleção que joga com 12 jogadores nessa Copa e dois deles, gênios.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Wunderteam


A Austrália era fraquinha? Óbvio, mas grandes equipes mostram seu potencial e arte mesmo batendo em cangurus violentos e grossos. O que os alemães fizeram ontem foi uma das mais belas apresentações da história das Copas. Um jogo envolvente, rápido, belo, de tabelas, infiltrações e jogadas perfeitas. Fizeram muito mais do que boa parte da mídia brasileira qualificou nos jornais de hoje como um bom futebol mas “pragmático e frio”. Meu Deus, como tem jornalista cego (pra não falar outra coisa) na África, pois quem faz 4 golaços tocando a bola e concluindo com arte faz tudo menos jogar de forma pragmática! A Alemanha foi um verdadeiro Wunderteam, palavrinha germânica que significa Time Maravilhoso. E essa maravilha foi comandada por um jovem e genial regente, Ozil, 21 anos, um refinado meia elegante de passes mortais. Ozil comandou o show e Thomas Muller, Podolski, Lahm e cia desandaram a massacrar os botineiros australianos. Tudo isso sem o tão falado craque deles, cortado pouco antes da Copa por contusão, Michael Ballack, que de craque nunca teve nada. A Alemanha ficou é muito mais forte sem sua cara feia, liderança negativa, violência (é o rei das cotoveladas desleais) e falta de caráter. Agora os garotos estão livres para jogar bola sem um mala arrogante querendo ditar o que têm de fazer.
A Alemanha é o Brasil de ontem. E o Brasil de hoje não é nem a Alemanha de ontem. Preparem-se para sofrer contra os “gigantescos” norte-coreanos amanhã...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O futebol é uma mulher a ser cortejada e conquistada


O que é fazer um belo gol, chutando forte e colocado, senão fazer amor com a mulher amada?
O que é a bola senão a companheira e amante?
O que é o futebol bonito senão a arte de namorar a bola e brincar com ela na região vital, o meio-campo?
O meio de campo que é o corpo da amada. É preciso tocá-lo, explorá-lo. É preciso percorrer seus espaços com suavidade e pressão exata; arte, beleza e paixão, ora de forma cadenciada, ora com mais velocidade.
Os melhores meio-campistas são aqueles que amam o toque de bola como se fossem amantes a procurar e tocar cada pedacinho e recôndito de uma bela e incandescente mulher.
Graças a Dunga, o Brasil não tem esse tipo de jogador. Porque Dunga vê a faixa central do gramado apenas como um espaço de passagem para a única jogada de sua seleção, o contra-ataque. Isso é ainda mais claro no seu camisa 10, um corredor elegante e refinado chamado Kaká, mas um corredor, um ótimo jogador mas que não é craque nem um grande amante da bola.
Amantes encontramos na Argentina, no formidável Verón; na Espanha, em Xavi e Iniesta; e na Holanda, nos seus meias apaixonados pelas tabelas rápidas. Essas são as três seleções que mais se aproximam do que um dia foi o verdadeiro futebol brasileiro, aquele baseado em arte.
Aquele que vejo, por exemplo, não apenas no óbvio Ganso mas também no menino Marlos, do meu São Paulo. Sim, ele é um meia avançadíssimo, mas como é bonito ver suas arrancadas rasgando as defesas adversárias em suas corridas. Sim, é um corredor, como Kaká, mas Marlos é também o que o Bonzinho não é: um driblador.
Não, não peço Marlos na seleção. Só digo que vê-lo jogar junto de Hernanes é uma experiência muito mais bela e emocionante que ver os brucutus que povoam o meio-campo-trincheira de Dunga.
A Copa vai começar e já tenho saudade do meu time. Simplesmente porque o São Paulo de Hernanes, Marlos e Fernandão joga o futebol brasileiro em que sempre acreditei. O futebol que os meninos do Santos ofereceram no primeiro semestre.
O futebol jogado para possuir o gol e arrebatar a rede como o homem que se torna um só junto da mulher em algo incomparável chamado “fazer amor”.
Make Love, not war. Faça amor, não faça guerra. Dunga jamais entenderia o hino hippie que é também o segredo do futebol arte, aquele que pode arrebatar e vencer.
Sem hipocrisias, sempre torci pelo futebol mais bonito em uma Copa do Mundo (e, claro, pelos mais fracos contra os mais fortes). Por isso que o hexa com Dunga será um grande mal para quem acredita em dribles, gols e fantasia.
Mil vezes a derrota do futebol arte encantador que a vitória do pragmatismo covarde de um treinador falsamente guerreiro.
* Preciso explicar porque esses gols da Espanha, especialmente o segundo, ilustram esse texto?

terça-feira, 8 de junho de 2010

Os 10 maiores jogos da história das Copas

Os texto são belos e emocionais, os vídeos são dramáticos e os craques, espetaculares. Confiram esses jogos sensacionais que marcaram as Copas na excelente reportagem da revista americana Time.
O linke é esse: 10 Jogos Inesquecíveis

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Deus e os argentinos

Cansado das insuportáveis propagandas da Globo tentando nos fazer crer que a seleção de Dunga é a nossa seleção? Cansado do absurdo do treinador da seleção vendendo cerveja e gritando aquele slogan lamentável? Cansado de propagandas apelativas e sem alma sobre o Brasil na Copa? Confiram então o que é mesmo tocar na alma. A propaganda, da cerveja argentina Quilmes, mostra Ele mesmo, Deus, conversando com o povo de Messi, Verón e Maradona.
Alma em propaganda? Só mesmo nossos hermanos para conseguir essa façanha.

Um jornalista humano descobre a alma sul-africana

(André Kfouri, que está cobrindo a Copa para a ESPN Brasil e jornal Lance, é um raro jornalista que vem procurando algo maior, além do futebol, na África do Sul. Leiam abaixo o fantástico texto que ele escreveu sobre um guarda sul-africano branco, sobre Mandela e aquele famoso jogo de rúgbi que ajudou a unir o país, e que virou o filme Invictus, com Morgan Freeman)

O GUARDA-COSTAS
por André Kfouri (jornal Lance!)
Eram sete pessoas na mesa. Seis jornalistas brasileiros e um segurança sulafricano, ex-soldado do exército que, durante oito meses do ano, trabalha como guarda-costas da família real de um país árabe. Ele é um dos guias da ESPN aqui na África do Sul.
Bom momento para uma conversa sobre o país da Copa. Mas era preciso ter cuidado, sensibilidade para ouvir as opiniões de um ex-militar, branco, a respeito do que a África do Sul era e é.
“Faço parte da ‘geração perdida’”, ele diz. “Tenho 42 anos e não tive escolha. Ou ia para o exército ou para a cadeia”. Nosso amigo é de uma época em que as crianças brancas sulafricanas cresciam ouvindo que negros não eram gente. “Mas na minha casa, felizmente, formávamos nossa opinião”, pondera. “Se dependesse de mim, as mudanças no país teriam acontecido muito antes”.
Olhos se arregalam na mesa redonda da ótima casa de carnes de Joanesburgo. O interesse aumenta. O que você pensa de Nelson Mandela?, pergunta um colega. “É um ícone humano”, ele responde. “Eu o vejo como se fosse meu avô”, completa.
Meu papel ali era o de intérprete. Nem todos na mesa falavam inglês. Nosso segurança estava claramente surpreso pelo papo. Nós, absolutamente gratos pela oportunidade.
É impossível chegar à África do Sul despido de pré-conceitos, mas é preciso querer ouvir. E é necessário pelo menos tentar entender o que não nos faz sentido: falar sobre racismo nessa parte do mundo é mais ou menos como falar sobre drogas com holandeses. O que sabemos, o que pensamos, simplesmente não se aplica.
Ou talvez se aplique, sim. “Eu gosto da nova África do Sul”, diz nosso guia. “Mas o problema da tensão racial não foi resolvido, ainda há um longo caminho a seguir”.
Outro colega quer saber se ele assistiu a “Invictus”, filme dirigido por Clint Eastwood em que Morgan Freeman interpreta Nelson Mandela e Matt Damon faz o papel de François Pienaar, o capitão que levou a seleção sulafricana ao título da Copa do Mundo de Rugby de 1995, logo após a chegada de Mandela à presidência do país. “Li o livro primeiro, depois vi o filme”, ele responde. O diálogo que se se segue:
- Aquele momento foi mesmo tão importante?
- Talvez tenha sido o momento mais importante da nossa história.
- Nós podemos acreditar que aquele jogo teve tanto impacto?
- Absolutamente sim.

Por incrível que pareça, os olhos do sul-africano na mesa são os únicos secos. Parte da emoção vem da cena que acontece ao lado. A garçonete que nos atendia, negra, tinha se hipnotizado pela conversa. Prestava máxima atenção na tradução das perguntas, nas respostas e na nossa reação. Ela chamou dois colegas, também negros, e eles ficaram ali, ouvindo.
Se a Copa do Mundo acabar hoje, sem um mísero toque na bola, para mim já valeu.

* Quem quiser mais textos do André direto da África, entra no Blog do André Kfouri

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Isso era bater falta


Perto dele as pancadas de Roberto Carlos são chutinho de criança. Pois ninguém jamais bateu tão forte na bola como Nelinho, o mito da camisa 2 que brilhou no Cruzeiro nos anos 70 (depois até no arquirrival Atlético). Mais incrível ainda era o efeito que colocava na bola. 3 dedos, trivela, curva é isso, o resto é reta um pouquinho desviada. O que dizer desse gol que ele marcou na Itália na Copa de 78? O mundo se encarregou de dizer: a curva mais bela da história do futebol.
PS - Até essa seleção, de 78, era bem melhor que a do Dunga!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Isto é Futebol


Bela montagem traduzindo toda a emoção do futebol que é igual à vida. Reparem na belíssima declaração de Maradona ao assumir seus erros com as drogas mas dizendo aquele inesquecível "LA PELOTA NO SE MANCHA".
Que venha a Copa, mas talvez não seja tão Copa, pois, pela primeira vez, desde 1994, teremos que aguentar uma Copa sem Zidane.
Que Messi e outros craques supram a ausência de Zizou, o segundo maior jogador que vi na vida, só atrás de Don Diego.
PS - Muitas das emoções que poderíamos ter na Copa já foram arrancadas pelo pragmatismo estúpido de Dunga.
PS 2 - A frase que abre o vídeo é atribuída, erroneamente, a Pelé. Se não me angano ela foi dita por um genial treinador do Manchester United.

Campeões eficazes e “esquecíveis”



Sim, a Inter de Mourinho é a nova rainha da Europa, mas quem se lembrará dela a não ser no registro dos campeões? Quem, entre os amantes do futebol, cantará aos netos e filhos as jogadas mágicas dos campeões da Europa 2009/2010? Apenas os mais fanáticos interistas, pois a Inter de Mourinho é a exata tradução do futebol eficaz e pragmático. Muita marcação e contra-ataque mortal, esse o estilo do vencedor e insuportável treinador português. Esse o estilo da feia final da Champions, sem jogadas de pé em pé, sem grandes dribles a não ser o corte de Milito num tosco e lento zagueiro do Bayern. Uma final sem craques, bem diferente do que escreveu o correspondente do jornal Lance que afirmou que a Inter é cheia de craques. Craques nada, a maioria é feita de jogadores muito eficientes, com exceção do craque das traves, Julio César e do sempre mortal Samuel Eto´o. Mas mesmo Eto´o sacrificou-se pelo esquema marcador de Mourinho e só brilhou no decisivo passe para o segundo gol de Milito. Ah, mas a Inter é campeã, isso é o que vale dizem os que valorizam apenas a vitória, não importando o futebol praticado para este fim.
Os deuses do futebol mostrarão o que acontecerá com a pragmática Inter na final do Mundial Interclubes. A fantasia do verdadeiro melhor futebol da Europa, o praticado pelo Barcelona, foi barrado pela força interista. Mas esperem que Hernanes, Fernandão e Marlos vem aí!

terça-feira, 11 de maio de 2010

O assassino da arte


Quero ver Dunga destilar suas ironias, como fez hoje em toda a coletiva, depois da sua seleçãozinha sem arte e craques ser eliminada da Copa de 2010.
Seleçãozinha porque o Brasil poderia ser grande se ele tivesse escolhido os melhores.
Se ele tivesse levado, no mínimo, Ganso.
Se ele não tivesse chamado 6 volantes (!) e Julio Batista para o meio de campo. O meio de campo mais árido talvez de toda a história de nosso futebol. Só Kaká pode decidir jogos nesse meio, mas duvido que decida uma Copa. Bem marcado, sumirá. Pior, se seguir baleado (problemas no púbis são quase sempre crônicos), quem poderá substituí-lo ou mudar o jogo no 2º tempo? Júlio Batista, reserva na Roma? Ou será Elano, um jogador de esquema e burocrático?
Ah, temos Robinho pra decidir jogos, dirão alguns. Mas que Robinho? Aquele que fracassou na Europa? Aquele que foi bem no Santos este ano? Mas quem não jogaria bola nesse fantástico Santos de Wesley, Ganso e Neymar? Até o fraco Marquinhos brilhou nesse time, caras pálidas!
Robinho não é craque. Vive das suas velhas pedaladas e de sua passagem apenas razoável pela seleção de Dunga em competições menores.
E como podemos ganhar uma Copa apenas com a arte (ou meros malabarismos) de Robinho? Ah, e alguém lembra do que o Robinho fez em 2006???
Neymar e Ganso não tem experiência de Seleção?... Mas tem arte, MUITA!
Ganso é um monstro, enfia bolas impossíveis, imprevisíveis, parece um veterano.
Neymar joga mais que Robinho, é muito mais incisivo e finaliza muito melhor. (Quantos gols Robinho fez esse ano no Santos que joga por música?). Mas Robinho é parceiro do chefe. Aliás, o maior parceiro. E alguém acha que confiar no Robinho, mais do que em qualquer um, como o Dunga faz, pode dar certo?
Ronaldinho Gaúcho não é o mesmo faz tempo? Certo, mas ele não poderia brilhar num time cheio de gladiadores fazendo o jogo sujo (o time de Dunga)?
Meu Deus, como podemos ser campeões com 6 volantes medianos, Júlio Batista e Kaká?
Esse é o Brasil de Dunga: jogará marcando muito e apostando tudo no contra-ataque, puxado por Kaká. E Luís Fabiano que faça os gols. Robinho? ...

Outra escorregada de Dunga: gosto muito de Grafite, excelente sujeito, guerreiro, goleador, mas óbvio que joga bem menos que atacantes não chamados por Dunga. E não é só Neymar. E Kléber, que vem arrebentando no Cruzeiro e é um raro caso de guerreiro habilidoso?
Uma das poucas justiças de Dunga, da convocação da lateral-esquerda (Gilberto, Michel Bastos?) pra sempre, foi a ausência de Adriano, que não é um profissional faz muito tempo e jogou a Copa no lixo.
Digo da camisa 6 pra sempre porque a sua defesa é ótima no gol (não na reserva, Doni é brincadeira), lateral direita, zaga (exceto o fraco Thiago Silva, uma avenida no Milan). Daí pra frente, há pelo menos uns 8 ou 9 que nenhum grande treinador levaria pra Copa.
Eu queria muito ver o verdadeiro futebol brasileiro brilhando na África. Isso não será possível.
Dunga morrerá abraçado ao seu grupo de brucutus, religiosos fanáticos e Robinho.
Que vença a Copa quem jogar futebol. Pena que o Brasil de Dunga não tem uma Seleção capaz de fazer isso. Não se ganha uma Copa apostando tudo na defesa forte e contra-ataque porque isso só foi possível em 1994.
Mas em 94 havia um gênio chamado Romário e um craque, sim, chamado Bebeto.
Palpites? Argentina ou Espanha.
PS - Um dos símbolos negativos do time do Dunga é o fraco Felipe Melo. Olhem só a estupidez do jogador nessa discussão hoje com o jornalista Paulo Vinicius Coelho, da ESPN Brasil, uma das poucas mídias que não puxa o saco do Dunga.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Inter na final. A nojenta aula de José Mourinho


“Que aplicação tática tem esse time da Inter!”, encheu a boca pra falar o insuportável hoje Galvão Bueno*. Graças que o contragolpe veio segundos depois. Falcão, um dos monstros sagrados da história do futebol brasileiro, foi curto e definitivo em sua resposta: “Essa é uma das maiores retrancas que eu vi na minha vida”. Pouco depois, acrescentou que “é muito triste para a história da Inter ver um time jogando dessa forma, com todos os seus jogadores em sua própria área o jogo inteiro”.
São jogos como esse que mancham o futebol, a vida e enganam os jovens de hoje - que passam a pensar que devemos fazer qualquer coisa para vencer. No caso, o “qualquer coisa” é colocar seu time todo dentro da área e passar os 90 minutos se defendendo. Foi isso o que o treinador português José Mourinho mandou fazer sua Internazionale de Milão para segurar o Barcelona hoje.
O pior é que ele conseguiu. O pior é que os idiotas da tática e da vitória a qualquer custo enaltecem Mourinho como um gênio da tática. Para mim, não passa de um covarde sujo quem prefere não jogar para vencer. Quem prefere apenas defender, usando o bando de gladiadores fortes que têm na defesa e meio-campo.
Sim, o Barça jogou mal, não apareceu a genialidade de Messi ou Xavi, Guardiola errou feio ao não colocar o veterano mas craque experiente Henry no lugar do inútil Ibrahimovic, mas mesmo assim, o Barça jogou futebol, trocou passes, tentou dribles e chutes. Mas esbarrou sempre no muro de Milão-Mourinho.
Esbarrou sempre no estilo de uma palavrinha asquerosa adorada por executivos e treinadores covardes, que se movem apenas por resultados, e não por valores. A palavrinha chama-se “pragmatismo”.
O pragmatismo, a febre da eficácia a qualquer custo, pregada por Mourinho.
O pragmatismo que Dunga implantou na Seleção Brasileira.
O pragmatismo que Telê Santana se recusou a colocar nas duas maravilhosas seleções que montou e com que perdeu duas Copas. Mas duas Copas perdidas em que foi amado como Mourinho jamais será amado.
Telê jamais recuou um time todo para garantir um resultado. Preferia se defender com ousadia, valentia, coragem, fiel a algo cada vez mais raro chamado futebol arte.
O futebol arte que também foi implantado há décadas no Barcelona por um ex- gênio holandês do futebol, Johan Cruyjff.
O futebol arte que Guardiola eletrificou no Barça dos últimos dois anos.
O futebol arte com que ele foi eliminado hoje.
Pelo menos isso não é o fim e a consagração nefasta de Mourinho. Porque a covardia do pacto com o demônio do anti-jogo um dia cobra seu preço.
Esse dia, tomara que seja a final da Copa dos Campeões, em que um time que joga bola, o Bayern de Munique, liderado pelo grande meia-atacante holandês, Robben, vai bater esse asqueroso time de José Mourinho.
Detalhe: o técnico do Barça, Louis Van Gaal, é também holandês, e um dia dirigiu esse símbolo eterno de futebol arte chamado Barcelona.
Vamos, Bayern, pela salvação do futebol. O futebol que esse time da Inter não joga.
* Galvão bateu todos os recordes de estupidez hoje, e ainda torceu descaradamente pela Inter o jogo todo. Incrível como detonava toda marcação do juiz contra a Inter. Mas pelo menos, sua estupidez e parcialidade, era revidada, com a tranqüilidade habitual, pelo comentarista e ex-brilhante árbitro, Arnaldo Cezar Coelho. Primeiro Galvão achou um absurdo a expulsão de Tiago Motta. Arnaldo rebateu na hora: expulsão justíssima. Depois ele ficava condenando qualquer falta a favor do Barça, mas Arnaldo ia lá e falava, “falta clara”. E não dá mais para agüentar o pobre vocabulário de Galvão, o “monstro” ou “valente” que diz de um em um minuto e outras palavrinhas de seu rico dicionário de 5 palavras.

900 Vezes Rogério


Rogério, que completa hoje inacreditáveis 900 jogos com a camisa do São Paulo, já virou mito não apenas por ter sido o monstro maior da conquista do Mundial de 2005, na famosa partida em que pegou uma das bolas mais impossíveis da história, aquela bomba que ia pra gaveta na falta cobrada por Gerrard. O maior goleiro da história tricolor é mito também por ter superado os feitos de dois heróis das traves antes dele. Falo Do caipira de Garça (SP), Valdir Peres, o Santo original, o homem que fazia os milagres que nos deram títulos paulistas e o primeiro título brasileiro, o Nacional de 1977. Foi São Valdir, que era também um tremendo bom sujeito fora dos campos, o homem que simplesmente parou o Atlético Mineiro em pleno Mineirão lotado e ainda foi responsável pela maior catimba em série da história do futebol mundial. Após o 0 x 0 do tempo normal e prorrogação, Valdir simplesmente sacaneou um a um dos cobradores de pênaltis do Galo. Falou na orelha de cada um e até deu uma desmoralizante passada de mão na bunda de um deles, se não me engano, na última cobrança. O resultado? Esse último simplesmente, nervoso, desorientado, chutou a bola lá pra Poços de Caldas. Lembro também, nitidamente, das defesas monumentais de Valdir – muitas, pois ele é o maior milagreiro que já vestiu a nossa camisa 1 – narradas com gritos eufóricos por José Silvério na Jovem Pan: “Milagreeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!! São Valdir Peressssssssssssssssssssssss!!!!!!”.
A outra lenda do nosso arco foi um dos caras mais decentes que conheci na vida, outro pacato caipira, de Capivari (SP), Zétti. Lembro desse goleiro formidável, que se não era tão espetacular como Valdir, tinha uma colocação tão perfeita e uma calma tão gélida que desestabilizava os atacantes adversários. E Zétti ainda era um cara renascido das cinzas, o guerreiro que depois de quebrar a perna pelo Palmeiras, foi chutado do Parque Antártica – não lhe pagaram mais salários e ele teve que pintar por alguns meses para alimentar a família – para renascer no São Paulo que o acolheu. Foi esse guerreiro - que ainda era parrudo e forte fisicamente como poucos goleiros foram – que não temia ninguém que foi um dos líderes da maravilhosa equipe que conquistaria o tri brasileiro, o bi da Libertadores e o bi-mundial. E como esquecer das defesas nos pênaltis decisivos da primeira Libertadores que ganhamos??? Como esquecer que uma defesa final de Zetti nos fez explodir de emoção e amor pela primeira Libertadores, em 1992?
Depois veio Rogério. Um goleiro que pegou a pior das fases do clube, o desmanche após a perda da Libertadores de 1994, e o fim da era de Mestre Telê. Por isso mesmo cresce o valor de Rogério. Ele enfrentou anos e anos de times medíocres, ganhou alguns títulos menores (Paulistas) para se transformar num dos heróis da Libertadores de 2005 e depois ser o maior responsável pelo tri mundial contra o Liverpool. Sim, individualmente, Rogério foi mais decisivo que Valdir e Zétti, ainda mais porque defendeu formações sem o brilho e qualidade maior das verdadeiras máquinas dos tempos de seus dois antecessores.
Por isso Rogério é o maior camisa 1 de nossa história. E nem falei do tri brasileiro que liderou, nem dos gols, muitos gols!!!
Faltou a Rogério apenas uma coisa para ser o maior jogador de nossa história, posto que sãopaulino que se preze e com mais idade sabe que é de Raí: ser tão bom fora do campo como é nos gramados. Vaidoso e jamais admitindo seus erros, Rogério nunca teve a humildade do Maestro Raí. Tivesse isso e talvez Rogério tivesse ido ainda mais longe.
Mas nada é definitivo: uma improvável conquista da Libertadores, com o mediano time atual, alçará Rogério ao olimpo inquestionável. Porque ele não tem os monstros e mestres que acompanharam Raí na conquista inicial da América e Mundo.
Tenta, Rogério!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Por que não torcerei pelo Brasil de Dunga


Não consigo torcer para uma equipe que não representa o verdadeiro futebol brasileiro, aquele de arte, de jogo bonito, de jogadores criativos, habilidosos, até geniais. Aquele dos meus heróis da Copa de 82, que perderam a Copa mas encantaram o Mundo. Aquele de Rivaldo e Ronaldo em 2002. Aquele do espetacular Santos de Neymar e Ganso.
Não consigo torcer para uma equipe que baseia seu jogo em uma só estratégia: o contra-ataque.
Não consigo torcer para uma equipe que tem em seu melhor jogador apenas um ótimo jogador, jamais um craque, Kaká.
Não consigo torcer para um cara que faz gols e comemora só com Deus.
Não consigo torcer para uma equipe que não tem grandes caráteres, que sobravam em 82 e 2002 (lembram de quem era o goleiro?, um certo Marcão...).
Não consigo torcer para um treinador teimoso, mal educado e incoerente como Dunga. Todos os que se renderam à sua eficácia (títulos da Copa América e Copa das Confederações, grande coisa... e classificação folgada nas eliminatórias) dizem que ele é coerente ao ter se fechado com um grupo vencedor e obediente. A um grupo comprometido. Ora, a total falta de profissionalismo de Adriano no Flamengo esse ano tem algo a ver com comprometimento?
A equipe de Dunga (reparem, digo equipe, jamais Seleção) foi feita para vencer campeonatos menores, e não uma Copa.
Para a Copa devem se levar os melhores. Como Felipão levou e deu a titularidade para os tão questionados na época Rivaldo (diziam que não era jogador de Seleção) e Ronaldo (recuperando-se de mais uma grave cirurgia). Os dois Rs que arrebentaram com a Copa ajudados em alguns momentos por outro R, Ronaldinho.
Portanto, para esta Copa devem ir Neymar e Ganso, e também Roberto Carlos, que reencontrou a seriedade de 2002. E Hernanes, porque o único volante brasileiro que sabe jogar bola (junto de Elias), está anos luz à frente dos toscos brucutus de Dunga.
O Brasil de Dunga só tem uma grande defesa e um contragolpe forte puxado por seus alas e por Kaká. Contra isso, a simples estratégia da França em 98 (anular nossos alas, na época Cafu e ... Roberto Carlos), mataria dois terços de nosso poder ofensivo. Porque Kaká sozinho não ganhará nada. E ainda mais esse Kaká meio combalido desde o ano passado, com o grave problema no púbis, uma dor que incomoda demais. Digo por experiência própria: essa dor queima as duas virilhas e diminui a liberdade e amplitude dos movimentos da perna. Sofri anos com essa dor.
Existe outro fator que não me faz ter prazer em torcer pela Seleção: não consigo aturar a máscara colossal e a falta de caráter (com provas disso dadas inúmeras vezes durante toda a sua carreira) de Robinho.
Portanto, torcerei para quem joga futebol e com muito amor, genuíno a uma camisa. Torcerei para a Argentina de Messi e Verón e para a Espanha de Xavi e Iniesta. Bom, isso se Dunga realmente cometer a estupidez de não levar Neymar, Ganso, Roberto e Hernanes para a Copa. E, por que não, Ronaldinho e Elias. Já imaginaram um meio-campo com Josué (ou outra opção melhor), Hernanes, Elias e Ganso? E um ataque com Neymar e Luís Fabiano, com a opção de entrada do Kaká ou do Gaúcho no lugar do Ganso ou do LF? Aí sim teríamos opções pra vencer a Copa jogando bola.
Mas Dunga não gosta de craques.
Nunca gostou.
Ainda há tempo dele pensar um pouco.
PS - Por que, diferentemente de todos os últimos treinadores da Seleção, Dunga nunca é visto num estádio pelo Brasil? Alguém viu o Dunga em algum jogo do Santos este ano?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Robben+Ribéry


Poucos chutes são tão difíceis como o sem-pulo. Só os craques ou deuses da raça conseguem acertar um. Imaginem então o que é executar uma maravilha dessa em pleno jogo decisivo da Champions League. A proeza foi do pé esquerdo ultrapreciso e intenso do holandês Robben, aquele mesmo que foi desprezado pelo Real Madrid, já fora da Champions... Com esse golaço Robben colocou o Bayern na semifinal e eliminou em pleno Old Trafford o poderoso Manchester United.
PS - Além da conclusão magistral de Robben, palmas também para quem lhe passou a bola. Enquanto a grande maioria dos que batem escanteio apenas cruzam na área e seja o que Deus quiser, o craque francês Ribéry simplesmente percebeu o holandês na entrada da grande área e cruzou para ele. Na verdade, passou, com açucar. O Scarface francês, motor e cérebro do Bayern, deverá brilhar na Copa. Robben e sua Holanda sempre ofensiva também. Craques decidem. Craques que o Brasil de Dunga não tem...
Este texto está em vermelho

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Juntos para sempre


(Por RICARDO VIDIGAL)
Toques rápidos, alta posse de bola, um futebol vistoso com grandes jogadores, um verdadeiro craque e uma dupla de volantes impressionante. Sabem que equipe é essa? Sim, é o Barcelona. O time joga com enorme harmonia. Vê-lo desfilar pelo campo é tão agradável como grandes obras de Da Vinci, Beethoven e Armando Nogueira. A bola flui deliciosamente como seda pelos mais nobres tapetes europeus encantando o Mundo. Vemos que dificilmente um jogador (com excessão do magnífico Messi) segura a bola. O jogo da equipe de Pep Guardiola baseia-se no futsal, onde quem corre é a redonda. Ao ser perguntado como é possível tal vistosidade, replico que os grandes responsáveis por esta façanha exuberante são Xavi e Iniesta.

Como Gordo e o Magro, Sherlock Holmes e Dr. Watson, Mineiro e Josué, essa dupla é inseparável e extremamente eficiente. A sintonia entre ambos os torna extraordinários e imprevisíveis. Messi é, sem dúvida, a estrela do time. Mas não chegaria a tal posto caso a dupla não estivesse presente, oferecendo passes açucarados e louváveis lançamentos. É de dar gosto o fato de jogarem sempre com a cabeça erguida e a todo momento procurarem deixar a esquadra com um jogo mais bonito e fluído.

É absolutamente invejável a visão de jogo de Xavi e Iniesta. A facilidade com que esses guerreiros consegue deixar um companheiro de frente para o gol é algo de deixar qualquer um com o queixo caído. Por uma porção do campo, Xavi orquestra o time, enquanto no outro flanco está Iniesta, com idêntica maestria. São, de ponto de vista tático, os donos da bola no Barcelona. Claro, ofuscados pelo argentino e por Ibrahimovic, mas que qualquer técnico no planeta desejaria ter.

O entrosamento na dupla é refletido no placar e nas estatísticas. Além de placares elásticos, ambos estão sempre figurando entre os maiores garçons dos campeonatos disputados. A cada jogo, um verdadeiro show. Devido a estes dois explêndidos jogadores. A bola e o campo parecem convidá-los a jogar. A arte dos pés chamada futebol ganha com a presença dessa dupla. Gostoso é assistí-los jogar, verdadeiros artistas do mundo da bola.

PS - Quero ver como jogam juntos, pela Espanha, na Copa do Mundo. A espectativa, por minha parte é enorme, pois com o tempo de treinamento que antecede a competição, acredito em entrosamento de todos os jogadores e como resultado um futebol infernal e veloz.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O homem que ganhará a Copa


Após o quarto gol desse gênio Messi hoje (quem mais é capaz de marcar 4 gols numa quartas-de-final da Chmapions League?), o locutor da TV foi profético: "Ele conquista o Camp Nou, Ele conquista o Brasil, Ele conquista o Mundo!, Lionel Messi..." Assino embaixo: a Argentina de Messi, Di Maria, Verón e cia é a grande favorita da Copa da África. E Maradona vai dar o maior peixinho de sua vida porque sua Seleção, como bem definiu o treinador do Arsenal, Arsène Wenger, tem em Messi e suas jogadas e gols surreais um "jogador de Play Station".

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Santo Ceni

Por isso que seu nome é Rogério Ceni. Por isso que o São Paulo, em mais uma fraca atuação, não perdeu ontem para o fraquinho time do Monterrey lá no México. Rogério fez uma defesaça no 1o tempo, em cabeçada tijolada defendida no alto e na etapa final fez uma das defesas mais difíceis de sua carreira: um milagre em cabeçada à queima-roupa no chão e no canto de Val Baiano. E ainda contou com a sorte de ver a bola explodir no seu travessão nos acréscimos.
Assim não iremos longe. A defesa foi melhor ontem (mas perdemos muitas bolas de cabeça) mas o time segue sem a mínima criatividade do meio para a frente porque Cléber Santana teve outra péssima atuação e Hernanes também pouco fez. Na frente, Dagoberto ciscou, ciscou e ciscou (e só), como sempre, e a bola só chegou em boas condições para Washington uma única vez. Ele bateu bem mas Orozco fez bela defesa. Fernandinho entrou melhor que Dagoberto mas também produziu pouco.
No final dessa rodada ficaremos um ponto atrás do Once Caldas (que massacrará hoje o ridículo Nacional do Paraguai) e precisaremos vencer os colombianos para ficar em primeiro e evitar pedreiras logo nas oitavas de final. Detalhe: em 2004, com um time bem melhor que o de hoje, não vencemos o Once Caldas no Morumbi...
O futebol covarde de Ricardo Gomes, que adorou esse empate perigoso, perdeu novamente.

quarta-feira, 31 de março de 2010

A bola, por Armando Nogueira



* O poeta partiu e deixou menos bela e humana a narrativa sobre o mundo da bola. Leia mais sobre Armando Nogueira em http://zeguto.blogspot.com

quarta-feira, 24 de março de 2010

Para, Santo


Após dizer que vai encerrar sua carreira (por não suportar mais o nível de seus companheiros e a politicagem de seus dirigentes), segunda-feira Marcos meteu a boca no desempenho de seus colegas de clube num simples treinamento, cobrando especialmente uma postura de mais empenho de Diego Souza. Por isso peço, Marcão: pare mesmo, abandone o futebol porque seu clube e este esporte não merecem um goleiro e homem como você. E alguns de seus companheiros não merecem vê-lo perder a cabeça porque eles fazem do seu manto sagrado verde um mero emprego. Por isso que alguns de seus desafetos não dão o sangue como você deseja: porque não perderão nem uma noite de sono pelos seguidos fracassos alviverdes. Isso acontece especialmente com aquele que se considera craque, sem nunca ter sido. Falo do jogador que tem um chute forte, alguma inteligência e só. Falo do jogador que sumiu na reta final de 2009, o que custou o título brasileiro e a vaga na Libertadores. Falo do cara que você olha e não suporta, por tanta marra para tão pouco futebol.
Dizem, seus críticos, que você está mal tecnicamente. Discordo. Quem está mal demais, há anos, é o seu time, que não conta com jogadores da sua qualidade e dedicação.
Quem está mal, da cabeça e do coração, são os tolos que acham que o Palmeiras ficará melhor sem o seu talento e abnegação.
Quando você parar, caro Santo, a escuridão será ainda maior com a pobreza dos dirigentes palmeirenses e a falta de compromisso de muitos jogadores que passaram pela camisa verde nos últimos anos.
Por isso, para, Marcão, chega de ser o martelo e a vidraça de um time e um clube que há muito tempo não é mais o que foi nos anos 90.
O Palmeiras não merece o goleiro e mito que colocou o clube no mapa do futebol mundial .
PS - Nos últimos anos e anos há apenas mais um jogador com a entrega e paixão pelo Palmeiras que Marcos exige: Pierre. Quando os dirigentes alviverdes o venderem, junto da saída iminente do Santo, a grande e longa noite alviverde cairá de vez na treva mais sinistra.

sexta-feira, 12 de março de 2010

A goleira solidária


Em meio a tantos jogadores, no futebol dos homens, que batem sem dó e reclamam da marcação de uma falta, que tentam iludir o árbitro cavando faltas ou que não demonstram o mínimo respeito pelos adversários, eis que uma menina dos EUA dá essa lição maravilhosa. O seu país vencia o Haiti por 8 x 0 no Campeonato Sub-17 da Concacaf, e quando os EUA fizeram o nono gol, a goleira haitiana começou a chorar copiosamente. Foi então que a goleira Bryane Heaberlin atravessou todo o campo e foi consolar a goleira adversária, no que foi seguida, logo depois, por todas as suas companheiras. - Eu a vi chorando e isso foi muito duro para mim. Ela também é uma goleira e nós temos esse laço. Além disso, eu sei que ela perdeu pessoas próximas. Por isso dei um grande abraço e disse que ela foi muito bem, afinal, ela veio participar do torneio apesar de tudo que aconteceu. Tenho um respeito enorme por ela - revelou Bryane no site da Federação Americana de Futebol.
(Fonte: Site do Globo Esporte)

sexta-feira, 5 de março de 2010

Notas Reveladoras

Nota publicada ontem no Lance com o título de “Mundo Real”:

“Depois de acertar o salário de R$ 1 milhão, Robinho exigiu receber 30 camisas do Santos por mês. Na hora de assinar o contrato, o presidente Luis Álvaro Ribeiro lhe perguntou o porquê da exigência, ínfima diante do valor do salário. Robinho levantou a cabeça, olhou para Ribeiro e disse: “Bem-vindo ao mundo do futebol”. E tornou a rubricar as páginas do contrato.

Nota publicada hoje:



quarta-feira, 3 de março de 2010

Brasil 86


Josimar. Copa 86. O famoso pombo sem asa, e reparem na beleza do toque de bola antes da bomba. Os homens de Telê perdiam Copas, mas encantavam o mundo.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Arte e Deboche


O jovem aspirante a craque* Neymar deu mais um passo para se firmar no futebol brasileiro. Além dos dribles incríveis (num repertório mais variado que o de Robinho) pra frente, em direção ao gol, fez golaço após domínio de bola de costas e giro supersônico e ainda serviu com rara frieza e visão de jogo para a idade no gol de André. O moleque pode se tornar monstro do futebol mas para isso terá que tomar vários puxões de orelha, porque se seu futebol evolui a cada partida, a máscara e coisas piores parecem crescer na mesma medida. Por duas vezes ontem, após o juiz apitar invalidando os lances, ele driblou os corinthianos, dando até chapéu em Chicão. Não me venham as Polianas ou puxa-sacos falarem em simples molecagem de artista: foi deboche, tiração de sarro puro. Neymar é um talento fora de série mas precisa ser bem orientado para não repetir os piores gestos e atitudes de outros antigos quase craques* da Vila, Diego e Robinho.
Ronaldo está certíssimo com sua bronca contra as “gracinhas” dos santistas ontem (não foi só Neymar quem partiu pra humilhação ontem). Porque Ronaldo, e também Romário, Rivaldo e outros craques consagrados sempre destruíram sem tripudiar em cima dos adversários.
Não me venham falar em arte quando a molecagem é só sacanagem.

* Para ser craque de verdade tem que arrebentar em Libertadores, na Champions League ou Copa do Mundo. Não basta ter no currículo apenas títulos regionais ou brasileiros da metade dos anos 90 pra cá, quando os maiores jogadores brasileiros já estavam em massa na Europa.

Iluminado?


4 gols num jogo de estreia, e tendo jogado só o 2º tempo? Certo que o adversário era o sofrível Monte Azul, mas ou Fernandinho tem muita sorte ou é craque pronto para brilhar e resolver boa parte dos problemas do São Paulo. Veremos. Analisar atuação contra o pobre time da terra da laranja é perigoso. Vamos ver o que ele apronta na próxima pedreira, o jogo contra os paraguaios, fora, pela Liberta.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Time de Mano joga bola


Bola no chão, tabelas rápidas, passes arriscados bem encaixados para jogadores na cara do gol. Jogadores que sabem o que fazer na hora de definir. Mano Menezes é gaúcho. Seus times têm a garra e a alma dos Pampas mas, sobretudo, jogam bola. Com ela no chão. Basta lembrar que o Corinthians faz poucos gols de cabeça. Porque prefere fazer corrê-la no gramado. Porque tem jogadores para isso. A difícil estreia na Libertadores provou isso de novo nas duas belíssimas jogadas que resultaram nos gols do volante Elias finalizando como centroavante implacável. E há ainda Ronaldo, o ainda Fenômeno: provocado o jogo todo como "gordito" e coisa pior, deu rasteira (Libertadores pede impor respeito na força também) e depois, na mesma jogada pedalou, enfiou no meio das pernas e quase fez gol de gênio.
O Corinthians tem alma e futebol pra vencer a Liberta. Só não vê isso o torcedor de outros clubes, cego pelo fanatismo.
PS - Quantos brasileiros existem na Seleção de Dunga com o poder de decidir o jogo com um só lampejo, como ainda faz Ronaldo? Nenhum.

Falcão


(Nesses tempos de tantos volantes brucutus dominando o meio-campo dos clubes e seleções do mundo todo, matando a arte e criação, este nome é essencial).
Ele jogava como um príncipe-general em um campo de batalha, elegante guerreiro a impulsionar toda uma equipe ou a Seleção Brasileira. Na verdade, era um Rei (sábios os romanos, que lhe deram o apelido e o coroaram), a cabeça sempre erguida sem jamais olhar para sua súdita apaixonada, a bola, sempre obediente e fiel aos seus pés.
A bola que tratava com o amor de plebeu, que conservava no peito da origem de menino simples que um dia foi na sua Santa Catarina natal e Porto Alegre dos primeiros passos como profissional do Inter.
A bola que tratava com afeto de criança e requinte de artista. Por isso podia fazer aquarelas com ela em passes e lançamentos precisos, tabelas cerebrais e maravilhosos chutes de longe que eram a síntese de seu futebol de beleza e força.
Por isso foi o maior camisa 5 da história do futebol brasileiro.
Por isso o gol de Falcão que segue abaixo (o vídeo mostra os melhores momentos de Brasil e Itália, na Copa de 82) é a prova definitiva de que um volante ideal deve saber marcar, ter garra, armar e chutar forte e colocado, pois é sempre o homem que vem de trás. E ainda deve ser inteligente, como outro volante que aparece nessa jogada era, Cerezzo, reparem como ele atrai a marcação adversária sem a bola para deixar livre sem obstáculos para este chute sensacional. Sim, perdemos esse jogo e aquela Copa, de 82, mas para muitos, salvamos o futebol.