domingo, 24 de outubro de 2010

Contra tudo e todos, Jade

Não há história de superação maior no esporte brasileiro dos últimos dois anos. Ela foi dada como acabada após ir mal na Olimpíada de Pequim, onde competiu com o punho fraturado sem os médicos da seleção brasileira de ginástica saberem. Após os incompetentes terem descoberto a gravidade de sua lesão no punho direito, alguns médicos (ou criminosos?) afirmaram que ela não poderia nunca mais fazer ginástica,que e a mesma coisa que a vida. Disseram que deveria abandonar o esporte.
Jade Barbosa parou de treinar, engordou 9 quilos, mas a força de seus companheiros de treino no Flamengo, o apoio do pai (não da mãe, que faleceu quando ela tinha 9 anos) e o carinho das pessoas nas ruas não a deixaram desistir. Ela voltou a treinar usando uma mão só (não me perguntem como conseguia fazer isso, mas é fato), foi melhorando aos poucos do punho direito necrosado e ontem, em Roterdã, Holanda, a carioca de apenas 19 anos conquistou a medalha de bronze no Mundial de Ginástica na prova do salto sobre o cavalo.
Por tudo que passou, essa tão amada atleta, pelo público - mas também ironizada pelos pobres de espírito (pela carinha de choro em muitas competições) – devia ter o seu bronze explodindo nas manchetes de todos os jornais, sites e programas de TV. Pena que hoje, ao buscar informações sobre ela, só encontrei dentro das páginas de “outros esportes”, e não nas homepages, nem nas homepages de esportes. Típico caso que mostra o que muitos editores brasileiros valorizam mais: mostram que preferem ter ibope com musas de clubes peladas e jogadores de futebol falando baixarias (Roberto Carlos é o boçal da vez) em vez de nos informar com um feito tão belo e difícil.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Segunda Pele

O torcedor que ama um clube sente quando seu jogador realmente veste a camisa como uma segunda pele. Percebe a entrega total (bem diferente da ocasional, de jogadores com prazo de validade). Percebe que naquele jogador bate um coração não só de atleta mas de um tão raro jogador-torcedor.
Um jogador que luta por uma camisa, equipe e clube como se fosse ainda um menino empurrando esse mesmo clube das arquibancadas da infância.
Quem ama o São Paulo já reclamou muito dele. Já se irritou demais com sua ineficiência e inaptidão como ala direito, tanto para marcar como para atacar, sobretudo, cruzar.
Mas quem ama este clube e, outra raridade em se falando de um torcedor, quem tem memória, lembra de um jovem e promissor volante que foi um dos pilares do nosso 6º título brasileiro.
São esses os torcedores que se emocionaram ao verem o gesto e a reação de Jean no último domingo. Depois de o xingarmos após dois gols absurdos que ele perdeu, sentimos uma emoção profunda não só com seu gol apoteótico da vitória aos 47´do 2º tempo. Sentimos a emoção profunda pela forma com que ele puxou a camisa tricolor e agarrou-se a ela enquanto comemorava, aos prantos, o gol com que tanto sonhava.
Jean parecia puxar-chamar seu pai, “pai, olha o que eu fiz!” - devia estar gritando por dentro. Parecia mesmo querer mostrar-lhe algo,
Esse algo é o seu amor por um pai chamado São Paulo Futebol Clube.
É sempre mais belo o gol de um legítimo e sincero jogador-torcedor.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Artilheiro e gente boa


No meio de tanto jogador marrento, mascarado e baladeiro, Jonas, o artilheiro do Brasileirão 2010, é quase um E.T. Um raro jogador pacato que preserva sua vida particular e não ostenta o que o salário de um grande clube como o Grêmio lhe permite.
Abaixo segue um trechinho do perfil do Jonas publicado no Lance!:
"Imagine aquele estereótipo de jogador famoso. Correntes de ouro, carro importado, casarão com piscina... Nada disso faz parte da rotina de Jonas. Ele mora em um apartamento simples, de dois dormitórios, em um bairro próximo ao Olímpico que está longe de estar entre os mais luxuosos de Porto Alegre. Dirige um Astra 2006, comprado ainda nos tempos do Santos. No mundo do futebol, é como ter um Fusca.
- Ele mantém hábitos simples. Passa todas as férias em Taiúva, de bermuda e chinelo. Não foi contagiado pela fama. Odeia glamour - diz Diego Oliveira, o irmão do meio.
Em Porto Alegre, o atacante pouco sai. Não é visto em baladas. No máximo, sai para jantar. Mas ele adora mesmo quando os pais passam uma temporada na capital gaúcha. Chega feliz em casa quando o cardápio é à moda Taiúva: arroz, feijão, bife, tomate e alface.
Em sua cidade natal, Jonas virou astro. Já era conhecido por sua habilidade, e também porque seu pai foi prefeito e sua mãe, vereadora. Agora, com o sucesso no futebol, virou o filho ilustre do município. Apesar da distância dos familiares, o atacante fala diariamente com os pais e os dois irmãos. Tudo é resolvido em família, desde as compras maiores aos contratos de trabalho."
(Por Mauro Graeff Júnior)

Acompanhe no vídeo a emoção de Jonas ao falar do papel de sua família em sua vida:
<a href="http://video.msn.com/?mkt=pt-br&playlist=videoByUuids:uuids:c969f386-2c55-4265-bc44-521b25448166&showPlaylist=true&from=IV2_pt-br_lancenet&fg=lancenet" target="_new" title="Jonas se emociona ao lembrar do apoio da família">Vídeo: Jonas se emociona ao lembrar do apoio da família</a>

domingo, 10 de outubro de 2010

O Tri e a Mancha

Um passeio. Comandados por um impecável e valente Bruninho e por um matador implacável e frio chamado Leandro Vissoto (impressionante a tranquilidade e precisão com que vira tudo quanto é bola) o Brasil conquistou o tricampeonato mundial de vôlei sem dar a mínima chance para o jovem e inexperiente time cubano.
A vitória tranquila de 3 sets a 0 tornou ainda mais inaceitável o papelão da derrota proposital contra a Bulgária, ordenada por Bernardinho para que fugíssemos, numa fase anterior, de... Cuba.
Como bem escreveu em seu blog o maior jornalista esportivo do país, Juca Kfouri:
"Resta dizer que o melhor vôlei do mundo deve respeito a si mesmo e a quem paga para ver seus jogos, razão pela qual foi deplorável que tenha entregado o jogo para a Bulgária, o que associa para sempre o extraordinário tri ao gesto ordinário. Fins nobres não justificam meios podres."

Precisava manchar a conquista dessa excepcional seleção que você mesmo formou, Bernardinho?
O esporte jamais combinou com Maquiavel.
* Abaixo a entrevista do líbero Mário Jr. e sua sinceridade ao revelar como foi difícil entregar o jogo contra os búlgaros: