quarta-feira, 28 de abril de 2010

Inter na final. A nojenta aula de José Mourinho


“Que aplicação tática tem esse time da Inter!”, encheu a boca pra falar o insuportável hoje Galvão Bueno*. Graças que o contragolpe veio segundos depois. Falcão, um dos monstros sagrados da história do futebol brasileiro, foi curto e definitivo em sua resposta: “Essa é uma das maiores retrancas que eu vi na minha vida”. Pouco depois, acrescentou que “é muito triste para a história da Inter ver um time jogando dessa forma, com todos os seus jogadores em sua própria área o jogo inteiro”.
São jogos como esse que mancham o futebol, a vida e enganam os jovens de hoje - que passam a pensar que devemos fazer qualquer coisa para vencer. No caso, o “qualquer coisa” é colocar seu time todo dentro da área e passar os 90 minutos se defendendo. Foi isso o que o treinador português José Mourinho mandou fazer sua Internazionale de Milão para segurar o Barcelona hoje.
O pior é que ele conseguiu. O pior é que os idiotas da tática e da vitória a qualquer custo enaltecem Mourinho como um gênio da tática. Para mim, não passa de um covarde sujo quem prefere não jogar para vencer. Quem prefere apenas defender, usando o bando de gladiadores fortes que têm na defesa e meio-campo.
Sim, o Barça jogou mal, não apareceu a genialidade de Messi ou Xavi, Guardiola errou feio ao não colocar o veterano mas craque experiente Henry no lugar do inútil Ibrahimovic, mas mesmo assim, o Barça jogou futebol, trocou passes, tentou dribles e chutes. Mas esbarrou sempre no muro de Milão-Mourinho.
Esbarrou sempre no estilo de uma palavrinha asquerosa adorada por executivos e treinadores covardes, que se movem apenas por resultados, e não por valores. A palavrinha chama-se “pragmatismo”.
O pragmatismo, a febre da eficácia a qualquer custo, pregada por Mourinho.
O pragmatismo que Dunga implantou na Seleção Brasileira.
O pragmatismo que Telê Santana se recusou a colocar nas duas maravilhosas seleções que montou e com que perdeu duas Copas. Mas duas Copas perdidas em que foi amado como Mourinho jamais será amado.
Telê jamais recuou um time todo para garantir um resultado. Preferia se defender com ousadia, valentia, coragem, fiel a algo cada vez mais raro chamado futebol arte.
O futebol arte que também foi implantado há décadas no Barcelona por um ex- gênio holandês do futebol, Johan Cruyjff.
O futebol arte que Guardiola eletrificou no Barça dos últimos dois anos.
O futebol arte com que ele foi eliminado hoje.
Pelo menos isso não é o fim e a consagração nefasta de Mourinho. Porque a covardia do pacto com o demônio do anti-jogo um dia cobra seu preço.
Esse dia, tomara que seja a final da Copa dos Campeões, em que um time que joga bola, o Bayern de Munique, liderado pelo grande meia-atacante holandês, Robben, vai bater esse asqueroso time de José Mourinho.
Detalhe: o técnico do Barça, Louis Van Gaal, é também holandês, e um dia dirigiu esse símbolo eterno de futebol arte chamado Barcelona.
Vamos, Bayern, pela salvação do futebol. O futebol que esse time da Inter não joga.
* Galvão bateu todos os recordes de estupidez hoje, e ainda torceu descaradamente pela Inter o jogo todo. Incrível como detonava toda marcação do juiz contra a Inter. Mas pelo menos, sua estupidez e parcialidade, era revidada, com a tranqüilidade habitual, pelo comentarista e ex-brilhante árbitro, Arnaldo Cezar Coelho. Primeiro Galvão achou um absurdo a expulsão de Tiago Motta. Arnaldo rebateu na hora: expulsão justíssima. Depois ele ficava condenando qualquer falta a favor do Barça, mas Arnaldo ia lá e falava, “falta clara”. E não dá mais para agüentar o pobre vocabulário de Galvão, o “monstro” ou “valente” que diz de um em um minuto e outras palavrinhas de seu rico dicionário de 5 palavras.

900 Vezes Rogério


Rogério, que completa hoje inacreditáveis 900 jogos com a camisa do São Paulo, já virou mito não apenas por ter sido o monstro maior da conquista do Mundial de 2005, na famosa partida em que pegou uma das bolas mais impossíveis da história, aquela bomba que ia pra gaveta na falta cobrada por Gerrard. O maior goleiro da história tricolor é mito também por ter superado os feitos de dois heróis das traves antes dele. Falo Do caipira de Garça (SP), Valdir Peres, o Santo original, o homem que fazia os milagres que nos deram títulos paulistas e o primeiro título brasileiro, o Nacional de 1977. Foi São Valdir, que era também um tremendo bom sujeito fora dos campos, o homem que simplesmente parou o Atlético Mineiro em pleno Mineirão lotado e ainda foi responsável pela maior catimba em série da história do futebol mundial. Após o 0 x 0 do tempo normal e prorrogação, Valdir simplesmente sacaneou um a um dos cobradores de pênaltis do Galo. Falou na orelha de cada um e até deu uma desmoralizante passada de mão na bunda de um deles, se não me engano, na última cobrança. O resultado? Esse último simplesmente, nervoso, desorientado, chutou a bola lá pra Poços de Caldas. Lembro também, nitidamente, das defesas monumentais de Valdir – muitas, pois ele é o maior milagreiro que já vestiu a nossa camisa 1 – narradas com gritos eufóricos por José Silvério na Jovem Pan: “Milagreeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!! São Valdir Peressssssssssssssssssssssss!!!!!!”.
A outra lenda do nosso arco foi um dos caras mais decentes que conheci na vida, outro pacato caipira, de Capivari (SP), Zétti. Lembro desse goleiro formidável, que se não era tão espetacular como Valdir, tinha uma colocação tão perfeita e uma calma tão gélida que desestabilizava os atacantes adversários. E Zétti ainda era um cara renascido das cinzas, o guerreiro que depois de quebrar a perna pelo Palmeiras, foi chutado do Parque Antártica – não lhe pagaram mais salários e ele teve que pintar por alguns meses para alimentar a família – para renascer no São Paulo que o acolheu. Foi esse guerreiro - que ainda era parrudo e forte fisicamente como poucos goleiros foram – que não temia ninguém que foi um dos líderes da maravilhosa equipe que conquistaria o tri brasileiro, o bi da Libertadores e o bi-mundial. E como esquecer das defesas nos pênaltis decisivos da primeira Libertadores que ganhamos??? Como esquecer que uma defesa final de Zetti nos fez explodir de emoção e amor pela primeira Libertadores, em 1992?
Depois veio Rogério. Um goleiro que pegou a pior das fases do clube, o desmanche após a perda da Libertadores de 1994, e o fim da era de Mestre Telê. Por isso mesmo cresce o valor de Rogério. Ele enfrentou anos e anos de times medíocres, ganhou alguns títulos menores (Paulistas) para se transformar num dos heróis da Libertadores de 2005 e depois ser o maior responsável pelo tri mundial contra o Liverpool. Sim, individualmente, Rogério foi mais decisivo que Valdir e Zétti, ainda mais porque defendeu formações sem o brilho e qualidade maior das verdadeiras máquinas dos tempos de seus dois antecessores.
Por isso Rogério é o maior camisa 1 de nossa história. E nem falei do tri brasileiro que liderou, nem dos gols, muitos gols!!!
Faltou a Rogério apenas uma coisa para ser o maior jogador de nossa história, posto que sãopaulino que se preze e com mais idade sabe que é de Raí: ser tão bom fora do campo como é nos gramados. Vaidoso e jamais admitindo seus erros, Rogério nunca teve a humildade do Maestro Raí. Tivesse isso e talvez Rogério tivesse ido ainda mais longe.
Mas nada é definitivo: uma improvável conquista da Libertadores, com o mediano time atual, alçará Rogério ao olimpo inquestionável. Porque ele não tem os monstros e mestres que acompanharam Raí na conquista inicial da América e Mundo.
Tenta, Rogério!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Por que não torcerei pelo Brasil de Dunga


Não consigo torcer para uma equipe que não representa o verdadeiro futebol brasileiro, aquele de arte, de jogo bonito, de jogadores criativos, habilidosos, até geniais. Aquele dos meus heróis da Copa de 82, que perderam a Copa mas encantaram o Mundo. Aquele de Rivaldo e Ronaldo em 2002. Aquele do espetacular Santos de Neymar e Ganso.
Não consigo torcer para uma equipe que baseia seu jogo em uma só estratégia: o contra-ataque.
Não consigo torcer para uma equipe que tem em seu melhor jogador apenas um ótimo jogador, jamais um craque, Kaká.
Não consigo torcer para um cara que faz gols e comemora só com Deus.
Não consigo torcer para uma equipe que não tem grandes caráteres, que sobravam em 82 e 2002 (lembram de quem era o goleiro?, um certo Marcão...).
Não consigo torcer para um treinador teimoso, mal educado e incoerente como Dunga. Todos os que se renderam à sua eficácia (títulos da Copa América e Copa das Confederações, grande coisa... e classificação folgada nas eliminatórias) dizem que ele é coerente ao ter se fechado com um grupo vencedor e obediente. A um grupo comprometido. Ora, a total falta de profissionalismo de Adriano no Flamengo esse ano tem algo a ver com comprometimento?
A equipe de Dunga (reparem, digo equipe, jamais Seleção) foi feita para vencer campeonatos menores, e não uma Copa.
Para a Copa devem se levar os melhores. Como Felipão levou e deu a titularidade para os tão questionados na época Rivaldo (diziam que não era jogador de Seleção) e Ronaldo (recuperando-se de mais uma grave cirurgia). Os dois Rs que arrebentaram com a Copa ajudados em alguns momentos por outro R, Ronaldinho.
Portanto, para esta Copa devem ir Neymar e Ganso, e também Roberto Carlos, que reencontrou a seriedade de 2002. E Hernanes, porque o único volante brasileiro que sabe jogar bola (junto de Elias), está anos luz à frente dos toscos brucutus de Dunga.
O Brasil de Dunga só tem uma grande defesa e um contragolpe forte puxado por seus alas e por Kaká. Contra isso, a simples estratégia da França em 98 (anular nossos alas, na época Cafu e ... Roberto Carlos), mataria dois terços de nosso poder ofensivo. Porque Kaká sozinho não ganhará nada. E ainda mais esse Kaká meio combalido desde o ano passado, com o grave problema no púbis, uma dor que incomoda demais. Digo por experiência própria: essa dor queima as duas virilhas e diminui a liberdade e amplitude dos movimentos da perna. Sofri anos com essa dor.
Existe outro fator que não me faz ter prazer em torcer pela Seleção: não consigo aturar a máscara colossal e a falta de caráter (com provas disso dadas inúmeras vezes durante toda a sua carreira) de Robinho.
Portanto, torcerei para quem joga futebol e com muito amor, genuíno a uma camisa. Torcerei para a Argentina de Messi e Verón e para a Espanha de Xavi e Iniesta. Bom, isso se Dunga realmente cometer a estupidez de não levar Neymar, Ganso, Roberto e Hernanes para a Copa. E, por que não, Ronaldinho e Elias. Já imaginaram um meio-campo com Josué (ou outra opção melhor), Hernanes, Elias e Ganso? E um ataque com Neymar e Luís Fabiano, com a opção de entrada do Kaká ou do Gaúcho no lugar do Ganso ou do LF? Aí sim teríamos opções pra vencer a Copa jogando bola.
Mas Dunga não gosta de craques.
Nunca gostou.
Ainda há tempo dele pensar um pouco.
PS - Por que, diferentemente de todos os últimos treinadores da Seleção, Dunga nunca é visto num estádio pelo Brasil? Alguém viu o Dunga em algum jogo do Santos este ano?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Robben+Ribéry


Poucos chutes são tão difíceis como o sem-pulo. Só os craques ou deuses da raça conseguem acertar um. Imaginem então o que é executar uma maravilha dessa em pleno jogo decisivo da Champions League. A proeza foi do pé esquerdo ultrapreciso e intenso do holandês Robben, aquele mesmo que foi desprezado pelo Real Madrid, já fora da Champions... Com esse golaço Robben colocou o Bayern na semifinal e eliminou em pleno Old Trafford o poderoso Manchester United.
PS - Além da conclusão magistral de Robben, palmas também para quem lhe passou a bola. Enquanto a grande maioria dos que batem escanteio apenas cruzam na área e seja o que Deus quiser, o craque francês Ribéry simplesmente percebeu o holandês na entrada da grande área e cruzou para ele. Na verdade, passou, com açucar. O Scarface francês, motor e cérebro do Bayern, deverá brilhar na Copa. Robben e sua Holanda sempre ofensiva também. Craques decidem. Craques que o Brasil de Dunga não tem...
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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Juntos para sempre


(Por RICARDO VIDIGAL)
Toques rápidos, alta posse de bola, um futebol vistoso com grandes jogadores, um verdadeiro craque e uma dupla de volantes impressionante. Sabem que equipe é essa? Sim, é o Barcelona. O time joga com enorme harmonia. Vê-lo desfilar pelo campo é tão agradável como grandes obras de Da Vinci, Beethoven e Armando Nogueira. A bola flui deliciosamente como seda pelos mais nobres tapetes europeus encantando o Mundo. Vemos que dificilmente um jogador (com excessão do magnífico Messi) segura a bola. O jogo da equipe de Pep Guardiola baseia-se no futsal, onde quem corre é a redonda. Ao ser perguntado como é possível tal vistosidade, replico que os grandes responsáveis por esta façanha exuberante são Xavi e Iniesta.

Como Gordo e o Magro, Sherlock Holmes e Dr. Watson, Mineiro e Josué, essa dupla é inseparável e extremamente eficiente. A sintonia entre ambos os torna extraordinários e imprevisíveis. Messi é, sem dúvida, a estrela do time. Mas não chegaria a tal posto caso a dupla não estivesse presente, oferecendo passes açucarados e louváveis lançamentos. É de dar gosto o fato de jogarem sempre com a cabeça erguida e a todo momento procurarem deixar a esquadra com um jogo mais bonito e fluído.

É absolutamente invejável a visão de jogo de Xavi e Iniesta. A facilidade com que esses guerreiros consegue deixar um companheiro de frente para o gol é algo de deixar qualquer um com o queixo caído. Por uma porção do campo, Xavi orquestra o time, enquanto no outro flanco está Iniesta, com idêntica maestria. São, de ponto de vista tático, os donos da bola no Barcelona. Claro, ofuscados pelo argentino e por Ibrahimovic, mas que qualquer técnico no planeta desejaria ter.

O entrosamento na dupla é refletido no placar e nas estatísticas. Além de placares elásticos, ambos estão sempre figurando entre os maiores garçons dos campeonatos disputados. A cada jogo, um verdadeiro show. Devido a estes dois explêndidos jogadores. A bola e o campo parecem convidá-los a jogar. A arte dos pés chamada futebol ganha com a presença dessa dupla. Gostoso é assistí-los jogar, verdadeiros artistas do mundo da bola.

PS - Quero ver como jogam juntos, pela Espanha, na Copa do Mundo. A espectativa, por minha parte é enorme, pois com o tempo de treinamento que antecede a competição, acredito em entrosamento de todos os jogadores e como resultado um futebol infernal e veloz.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O homem que ganhará a Copa


Após o quarto gol desse gênio Messi hoje (quem mais é capaz de marcar 4 gols numa quartas-de-final da Chmapions League?), o locutor da TV foi profético: "Ele conquista o Camp Nou, Ele conquista o Brasil, Ele conquista o Mundo!, Lionel Messi..." Assino embaixo: a Argentina de Messi, Di Maria, Verón e cia é a grande favorita da Copa da África. E Maradona vai dar o maior peixinho de sua vida porque sua Seleção, como bem definiu o treinador do Arsenal, Arsène Wenger, tem em Messi e suas jogadas e gols surreais um "jogador de Play Station".

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Santo Ceni

Por isso que seu nome é Rogério Ceni. Por isso que o São Paulo, em mais uma fraca atuação, não perdeu ontem para o fraquinho time do Monterrey lá no México. Rogério fez uma defesaça no 1o tempo, em cabeçada tijolada defendida no alto e na etapa final fez uma das defesas mais difíceis de sua carreira: um milagre em cabeçada à queima-roupa no chão e no canto de Val Baiano. E ainda contou com a sorte de ver a bola explodir no seu travessão nos acréscimos.
Assim não iremos longe. A defesa foi melhor ontem (mas perdemos muitas bolas de cabeça) mas o time segue sem a mínima criatividade do meio para a frente porque Cléber Santana teve outra péssima atuação e Hernanes também pouco fez. Na frente, Dagoberto ciscou, ciscou e ciscou (e só), como sempre, e a bola só chegou em boas condições para Washington uma única vez. Ele bateu bem mas Orozco fez bela defesa. Fernandinho entrou melhor que Dagoberto mas também produziu pouco.
No final dessa rodada ficaremos um ponto atrás do Once Caldas (que massacrará hoje o ridículo Nacional do Paraguai) e precisaremos vencer os colombianos para ficar em primeiro e evitar pedreiras logo nas oitavas de final. Detalhe: em 2004, com um time bem melhor que o de hoje, não vencemos o Once Caldas no Morumbi...
O futebol covarde de Ricardo Gomes, que adorou esse empate perigoso, perdeu novamente.