quarta-feira, 28 de abril de 2010

900 Vezes Rogério


Rogério, que completa hoje inacreditáveis 900 jogos com a camisa do São Paulo, já virou mito não apenas por ter sido o monstro maior da conquista do Mundial de 2005, na famosa partida em que pegou uma das bolas mais impossíveis da história, aquela bomba que ia pra gaveta na falta cobrada por Gerrard. O maior goleiro da história tricolor é mito também por ter superado os feitos de dois heróis das traves antes dele. Falo Do caipira de Garça (SP), Valdir Peres, o Santo original, o homem que fazia os milagres que nos deram títulos paulistas e o primeiro título brasileiro, o Nacional de 1977. Foi São Valdir, que era também um tremendo bom sujeito fora dos campos, o homem que simplesmente parou o Atlético Mineiro em pleno Mineirão lotado e ainda foi responsável pela maior catimba em série da história do futebol mundial. Após o 0 x 0 do tempo normal e prorrogação, Valdir simplesmente sacaneou um a um dos cobradores de pênaltis do Galo. Falou na orelha de cada um e até deu uma desmoralizante passada de mão na bunda de um deles, se não me engano, na última cobrança. O resultado? Esse último simplesmente, nervoso, desorientado, chutou a bola lá pra Poços de Caldas. Lembro também, nitidamente, das defesas monumentais de Valdir – muitas, pois ele é o maior milagreiro que já vestiu a nossa camisa 1 – narradas com gritos eufóricos por José Silvério na Jovem Pan: “Milagreeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!! São Valdir Peressssssssssssssssssssssss!!!!!!”.
A outra lenda do nosso arco foi um dos caras mais decentes que conheci na vida, outro pacato caipira, de Capivari (SP), Zétti. Lembro desse goleiro formidável, que se não era tão espetacular como Valdir, tinha uma colocação tão perfeita e uma calma tão gélida que desestabilizava os atacantes adversários. E Zétti ainda era um cara renascido das cinzas, o guerreiro que depois de quebrar a perna pelo Palmeiras, foi chutado do Parque Antártica – não lhe pagaram mais salários e ele teve que pintar por alguns meses para alimentar a família – para renascer no São Paulo que o acolheu. Foi esse guerreiro - que ainda era parrudo e forte fisicamente como poucos goleiros foram – que não temia ninguém que foi um dos líderes da maravilhosa equipe que conquistaria o tri brasileiro, o bi da Libertadores e o bi-mundial. E como esquecer das defesas nos pênaltis decisivos da primeira Libertadores que ganhamos??? Como esquecer que uma defesa final de Zetti nos fez explodir de emoção e amor pela primeira Libertadores, em 1992?
Depois veio Rogério. Um goleiro que pegou a pior das fases do clube, o desmanche após a perda da Libertadores de 1994, e o fim da era de Mestre Telê. Por isso mesmo cresce o valor de Rogério. Ele enfrentou anos e anos de times medíocres, ganhou alguns títulos menores (Paulistas) para se transformar num dos heróis da Libertadores de 2005 e depois ser o maior responsável pelo tri mundial contra o Liverpool. Sim, individualmente, Rogério foi mais decisivo que Valdir e Zétti, ainda mais porque defendeu formações sem o brilho e qualidade maior das verdadeiras máquinas dos tempos de seus dois antecessores.
Por isso Rogério é o maior camisa 1 de nossa história. E nem falei do tri brasileiro que liderou, nem dos gols, muitos gols!!!
Faltou a Rogério apenas uma coisa para ser o maior jogador de nossa história, posto que sãopaulino que se preze e com mais idade sabe que é de Raí: ser tão bom fora do campo como é nos gramados. Vaidoso e jamais admitindo seus erros, Rogério nunca teve a humildade do Maestro Raí. Tivesse isso e talvez Rogério tivesse ido ainda mais longe.
Mas nada é definitivo: uma improvável conquista da Libertadores, com o mediano time atual, alçará Rogério ao olimpo inquestionável. Porque ele não tem os monstros e mestres que acompanharam Raí na conquista inicial da América e Mundo.
Tenta, Rogério!

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