domingo, 28 de fevereiro de 2010

Time de Mano joga bola


Bola no chão, tabelas rápidas, passes arriscados bem encaixados para jogadores na cara do gol. Jogadores que sabem o que fazer na hora de definir. Mano Menezes é gaúcho. Seus times têm a garra e a alma dos Pampas mas, sobretudo, jogam bola. Com ela no chão. Basta lembrar que o Corinthians faz poucos gols de cabeça. Porque prefere fazer corrê-la no gramado. Porque tem jogadores para isso. A difícil estreia na Libertadores provou isso de novo nas duas belíssimas jogadas que resultaram nos gols do volante Elias finalizando como centroavante implacável. E há ainda Ronaldo, o ainda Fenômeno: provocado o jogo todo como "gordito" e coisa pior, deu rasteira (Libertadores pede impor respeito na força também) e depois, na mesma jogada pedalou, enfiou no meio das pernas e quase fez gol de gênio.
O Corinthians tem alma e futebol pra vencer a Liberta. Só não vê isso o torcedor de outros clubes, cego pelo fanatismo.
PS - Quantos brasileiros existem na Seleção de Dunga com o poder de decidir o jogo com um só lampejo, como ainda faz Ronaldo? Nenhum.

Falcão


(Nesses tempos de tantos volantes brucutus dominando o meio-campo dos clubes e seleções do mundo todo, matando a arte e criação, este nome é essencial).
Ele jogava como um príncipe-general em um campo de batalha, elegante guerreiro a impulsionar toda uma equipe ou a Seleção Brasileira. Na verdade, era um Rei (sábios os romanos, que lhe deram o apelido e o coroaram), a cabeça sempre erguida sem jamais olhar para sua súdita apaixonada, a bola, sempre obediente e fiel aos seus pés.
A bola que tratava com o amor de plebeu, que conservava no peito da origem de menino simples que um dia foi na sua Santa Catarina natal e Porto Alegre dos primeiros passos como profissional do Inter.
A bola que tratava com afeto de criança e requinte de artista. Por isso podia fazer aquarelas com ela em passes e lançamentos precisos, tabelas cerebrais e maravilhosos chutes de longe que eram a síntese de seu futebol de beleza e força.
Por isso foi o maior camisa 5 da história do futebol brasileiro.
Por isso o gol de Falcão que segue abaixo (o vídeo mostra os melhores momentos de Brasil e Itália, na Copa de 82) é a prova definitiva de que um volante ideal deve saber marcar, ter garra, armar e chutar forte e colocado, pois é sempre o homem que vem de trás. E ainda deve ser inteligente, como outro volante que aparece nessa jogada era, Cerezzo, reparem como ele atrai a marcação adversária sem a bola para deixar livre sem obstáculos para este chute sensacional. Sim, perdemos esse jogo e aquela Copa, de 82, mas para muitos, salvamos o futebol.