quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A guerreira de Chernobyl

    Elegância e postura; muita técnica, velocidade e explosão; rapidez de raciocínio. A ancestral e nobre arte dos antigos cavaleiros de capa e espada sobrevive no esporte da esgrima. E o esporte, quase sempre uma ferramenta mágica, faz esta cativante moça meio bielorrussa, meio brasileira, ter mais força para viver e enfrentar tantos problemas desde que nasceu.
    Karina Lakerbai é uma vencedora desde que veio ao mundo, por ter resistido aos primeiros anos de vida para quem cresceu a poucas centenas de quilômetros de Chernobyl, nome da cidade do maior desastre nuclear da história, onde uma usina explodiu, matou e depois contaminou milhares de pessoas na Ucrânia e Bielorrússia, na época pertencentes à Uniao Soviética. Karina nasceu com baixa imunidade - o sangue com baixos níveis de leucócitos -, problemas respiratórios e osteocondroma - tumor ósseo benigno. Procurando um lugar mais limpo para viver, longe dos efeitos radioativos, seus pais a levaram primeiro à Georgia e depois, quando a menina tinha 6 anos, para o Brasil.
   Hoje, Karina é uma das melhores esgrimistas do Brasil, e isso depois de passar, aos 14 anos - devido a sua doença óssea - por cirurgias de raspagem de ossos no ombro, quadril e joelho. Após as operações ela ainda deslocou o ombro direito e precisou aprender a jogar esgrima com o braço esquerdo e, mesmo assim, venceu de esquerda o Sul-Americano.
   Karina, essa incrível sobrevivente e guerreira, está no Pan-Americano de Guadalajara defendendo o Brasil e semeando este sorriso maravilhoso, de quem valoriza cada pedacinho do seu esporte e vida. Touché, moça, e obrigado por nos dar a honra de sermos defendidos por você.
   (A reportagem saiu no Esporte Fantástico, na Record, veja em vídeo aqui): Karina
   (Há também uma boa reportagem, e álbum de fotos dela, no site da Folha)