Bela reportagem do Esporte Espetacular sobre a mais bela seleção brasileira que vi jogar e encantar o mundo. Aguardem um texto especial e mais reportagens sobre o Brasil dos gênios Leandro, Junior, Falcão, Cerezzo, Sócrates e Zico e do Mestre Telê Santana.
Vejam a matéria especial do EE aqui: Brasil de 82
Paixão Esporte Clube
terça-feira, 3 de julho de 2012
A mais bela Seleção Brasileira
quarta-feira, 27 de junho de 2012
La Bombonera
Mesmo vazia ela já mete medo, tamanha a inclinação dos
degraus das arquibancadas. Sentimos uma vertigem ao andar por ali, quase um
abismo. Imagine-a então plena, lotada, incendiada de milhares de apaixonados enlouquecidos
de azul e amarelo. O abismo multiplica-se pelas milhares de vozes que gritam
numa sintonia tão bela quanto brutal, como se fossem uma só voz. Essa voz,
multiplicada por dezenas de milhares, é o grito dominador e aterrador que
desaba como aqueles degraus ultra inclinados. Desaba sobre os adversários. Na
paixão da massa boquense e na razão arquitetônica de um estádio feito
exatamente para isso - para projetar-se sobre o campo e soterrar os inimigos
enquanto o time da casa ganha uma motivação e calor monumental.
La Bombonera é atirada de uma vez só sobre o rival, e logo o
asfixia. Paralisa. Os jogadores adversários não conseguem nem conversar, sufocados
e calados pela massa, pelo estádio, pela história desse templo mítico. O templo
que é fruto da maior paixão da terra das paixões mais fanáticas. Uma paixão
imortal que transforma antigos deuses do clube, como Maradona, Tevez, Palermo e
cia, em torcedores e forças especiais a tornar essa catedral ainda mais diabólica
na hora das grandes decisões. Por isso a Bombonera é alçapão, infernalmente
azul e amarelo. Mais que isso, caixão para os hipnotizados e subjugados rivais.
Hoje, é tudo isso que o Corinthians enfrentará. Estará preparado para a fornalha um time que espera os adversários e, por isso, será ainda mais pressionado na Bombonera? Ou Tite terá coragem de mudar um pouco o seu sistema?
sábado, 9 de junho de 2012
O gol é apenas um detalhe (de verdade)
Uma equipe de meninos, com espaço também para meninas, que não se preocupa em vencer, jogar muito bem, brilhar, vencer ou fazer gols? Um treinador que não é refém de resultados, nem pressiona suas crianças para fazer tudo para vencer? Um grupo de pais que não pressiona esse treinador ou seus filhos para ganhar? Essa utopia, os sorrisos e um dos mais verdadeiros sentimento de amor ao futebol já vistos neste mundo moderno que endeusa a competição existe num time de crianças da Catalunha, Espanha. Ali, num time que jamais havia feito um gol reside e resiste um futebol que se lembra que ainda é possível ser um jogo, uma brincadeira. Aliás, a melhor brincadeira do mundo. Ou alguém é capaz de inventar algo mais maravilhoso e divertido que uma bola de futebol real?????
Esses pequenos e pequenas catalãs ensinam ao mundo o caminho de um mundo melhor, mais saudável, bonito, gostoso. Um mundo igual a um grupo de amigos brincando de ser feliz com a bola nos pés, na canela, não importa se com habilidade ou não. Claro que essa meninada também gostaria de marcar gols e vencer, mas reparem como não há problema algum no rosto deles e delas, se eles continuarem a serem goleados. Porque no jogo mais importante, da felicidade, são esses derrotados os maiores vencedores.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Segundos eternos
Por isso que poucos esportes são tão dramáticos e espetaculares como ele. Raras modalidades permitem mudanças no placar tão grandes e improváveis como o basquete. No 1o. jogo da decisão do Campeonato Espanhol, depois de ficar 17 pontos atrás, o Barcelona reagiu contra seu maior rival, o Real Madrid, mas a 10 segundos do final do jogo perdia por 2 pontos. Eis que a bola está nas mãos do brasileiro Marcelinho Huertas e ele, que não fez nenhum pontinho nos 17 minutos que esteve em quadra, inventa esse arremesso tão sensacional quanto mágico e dá a vitória ao Barça.
Marcelinho é desde já uma lenda, eterna, do basquete barcelonista.
Só o esporte permite que um instante ou alguns segundos criem um herói inesquecível.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Pequena Gigante
1m61, a mais baixa na lista das melhores do mundo. Baixinha
e incansável trabalhadora como uma legítima formiguinha. “Ela está sempre
pronta para treinar mais, e quer treinar mais, tem uma disposição incomum para
treinar”, diz o seu treinador. A tcheca Dominika Cibulkova sabe que precisa
compensar seu tamanho muito distante das moçoilas altas que dominam o esporte.
As marmanjonas e suas grandes envergaduras e ângulos mais agudos com que podem
bater na bolinha, cobrem bem tanto a horizontal como a vertical das bolas adversárias.
Cibulkova não tem essa vantagem mas, já que seus braços não podem voar, suas
pernas podem. Coxas e panturrilhas titânicas forjadas em horas de trabalho
pesado fazem ela deslizar em velocidade supersônica por todos os cantos. Chega
em todas as bolas com suas perninhas fortíssimas. E há ainda sua garra de
trator arando a terra para a colheita. Só contasse com sua raça e esta
guerreira já seria um páreo duríssimo para qualquer uma, mas ela ainda conta
com a dádiva de ter um dom: é também técnica, capaz de colocar os mais
venenosos e belos efeitos na sua raquete e bolinha. Assim ela não deu chances
para a número 1 do mundo, a bielorrussa Vitória Azarenko no domingo pela manhã.
Um domingo que amanheceu com a beleza de sai determinação, velocidade e técnica
incomum. E avançou na manhã brasileira com um final maravilhoso como seu
sorriso vencedor. O sorriso que só deu após superar os traumas de várias
derrotas para a número 1 meses antes. O sorriso da menor melhor tenista do
mundo.
*Dominika é tão corajosa que faz diferente da grande maioria
das tenistas do leste europeu. Não deixou seu país para encontrar mais apoio e
investimentos nos EUA. Ela segue vivendo, treinando e lutando em seu próprio
país, na cidade de Bratislava.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Um pouco mais de alma
Quando a batalha aperta, é preciso convocar os melhores, na
bola e coração. O momento é decisivo, o Santos corre sérios riscos de dar adeus
à Libertadores contra o impenetrável Velez Sarsfield argentino. Muricy olha então para o banco e é fulminado com os olhos faiscantes
do velho guerreiro jamais cansado de guerra.
O treinador não vacila e saca o
hábil mas escondido – guerra não é seu forte – Juan. Não é uma simples
substituição mas a redenção desse verdadeiro coquetel molotov de técnica
com toneladas de garra. Mais que isso, o viking habilidoso que entra é o
resgate também do quase extinto amor à camisa e da alma perdida dessa grande porção de jogadores do futebol de hoje que não deixam a pele e o sangue em campo. O
redentor e guardião do futebol que aprendemos a amar quando crianças chama-se
Léo. Ele entra correndo feito um louco e semeando seus olhos esbugalhados de
quem é raça pura; a beleza pura de quem encara sua profissão com a mesma
vontade e sentimento do garoto que encara sua primeira final de campeonato da
escola como o jogo da vida. Sai o mero profissional e entra o homem
apaixonado, alucinado em busca do resultado que seu time de tantos anos precisa
alcançar.
Não é um acaso quando uma batalha como essa é decidida pelo
amor. Se o gênio Neymar ou o craque Ganso não estão decidindo, chamem o
guerreiro. Chamar é pouco, convoquem-no! A beleza dessa vida é que o amor e a
alma embalados por uma raça monumental ainda são decisivos.
O significado da assistência de Léo para Allan Kardec
recolocar o Santos na briga foi talvez o símbolo mais belo do futebol deste
ano. Do futebol que sempre deveria se jogado assim, com essa paixão incandescente.
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A eternidade do instante,
Heróis e Heróínas
sexta-feira, 11 de maio de 2012
A última fortaleza do amor no futebol mundial
Lembram dos rostos sem expressão dos jogadores da seleção brasileira após a eliminação na Copa de 2010? Lembram da frieza dos jogadores do seu time de coração e das desculpas esfarrapadas após mais um fracasso? Lembram da festa armada por Ronaldinho Gaúcho um dia após o baile que a seleção tomou de Zidane na Copa de 2006? A mensagem, espírito e coração do Athletic de Bilbao é exatamente oposta. O clube basco (um verdadeiro outro país, em alma, dentro da Espanha) deu uma belíssima lição de amor e dor na última terça-feira. Seus jogadores, todos de origem basca, todos criados no clube desde pequenos, não conseguiam parar de chorar após a dura e contudente derrota na final da Liga Europa. Talvez esse grupo seja um dos últimos do planeta a verdadeiramente amarem uma camisa e um povo, como mostrou as cores da camisa que eles usaram na decisão, com as cores do País Basco. Que esta dura derrota não prejudique o belíssimo e corajoso trabalho implantado pelo treinador argentino Marcelo "Loco" Bielsa no clube, um trabalho baseado no toque de bola e no ataque sem medo. Em tempos tão mercenários como esses, nunca a locura do futebol jogado com arte e amor foi tão necessária.
O vídeo com a dor e amor dos homens do Bilbao você vê aqui.
O vídeo com a dor e amor dos homens do Bilbao você vê aqui.
Genial
Ele andava meio ofuscado pela genialidade e gols em série de Neymar, mas o mais elegante dos jogadores brasileiros está voltando a dar suas pinceladas magistrais. Não há o que dizer. A arte, quando em estado máximo, nos tira as palavras. Gol de letra, pintada com bico de pena, de Ganso.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
O anjo de Marselha
Não
era só um goleiro.
Era
o guardião final das esperanças da Seleção Brasileira de voltar a ser campeã do
mundo, após duas décadas de fracassos.
Homem
exemplar. Controlado, sereno. Caráter elevado, imune a ataques pessoais. Cláudio
Taffarel, um dos goleiros mais atacados pela
crítica em sua passagem pela camisa 1 do país, suportava tudo calado, sem
brigas. O coração era bom demais para pensar em revanche.
Respondia
no campo. Porque ele pode ter falhado em sua carreira, em clássicos entre seu
Inter e o Grêmio, e em jogos da Seleção. Mas quando se tratava da tarefa máxima
de qualquer atleta, era inatacável: foi sempre goleiro de Copa do Mundo.
Assim
foi nas Copas de 1990, 94 e 98, com um fantástico saldo de um título mundial,
um vice e aquela eliminação triste em sua primeira Copa, em que não teve a
mínima culpa na equipe montada por Sebastião Lazaroni. E, ainda em 1990, abre
as portas do futebol europeu, fato raríssimo para um goleiro brasileiro, ao ser
contratado pelo Parma italiano.
Estados
Unidos, 1994. Depois de 24 anos sem levantar a Copa do Mundo, veio o tetra
comandado por Romário. Verdadeiro assassino da grande área, no melhor momento
de sua carreira, o Baixinho foi o grande artífice da conquista que redimiu o
futebol brasileiro (não para os amantes do esporte, pois o título veio com
aquele futebolzinho “eficiente”, mas chato e feio do técnico Parreira). Só que
Romário passou em branco na final, contra a Itália. Não conseguiu dar uma
derradeira e decisiva estocada.
O
Brasil só ganharia essa Copa nos pênaltis. Tá, o artilheiro converteu o seu,
mas a missão mais dura ficou nas mãos de Taffarel. Aquele que fora taxado de
frangueiro por muitos (resultado de falhas como as da Copa América de 93,
contra o Uruguai, ou nas eliminatórias para a Copa de 94, frente à Bolívia). E
que, para muitos, não havia sido um goleiro provado na Copa dos Estados Unidos,
graças à fragilidade dos adversários e à segurança da impecável zaga formada
por Aldair e Márcio Santos.
Taffarel
não falhou quando mais se precisou dele. Defendeu um pênalti na disputa final contra
a Itália. Foi o último a brilhar no grupo que trouxe o tetra. Para muitos foi o
herói daquela decisão. Mas ele nunca quis isso. Quando Baggio partiu para bater
o quinto e último pênalti da Itália, Taffarel não queria defender e tornar-se o
grande herói. Preferia que o italiano chutasse pra fora. Por quê? “Se eu
defendesse mais um pênalti, talvez fosse considerado o único herói daquela
história. Como Baggio mandou a bola por cima do travessão, o heroísmo foi de
todos”, disse o goleiro a um programa da Rede Globo exibido em 2004,
comemorando os dez anos do Tetra.
1998.
Quatro anos depois, ele joga na França sua terceira Copa do Mundo seguida,
façanha inédita para um goleiro brasileiro. E protagoniza o grande momento da
Seleção na Copa. A dramática semifinal contra a Holanda. No tempo normal faz
milagres em chutes à queima-roupa de Kluivert e Bergkamp. Depois, mais uma vez,
os pênaltis. E mais uma vez, o brilho de Taffarel. Defende duas cobranças e,
vibrando muito, grita na noite da bela Marselha: “Não fui eu. Foi Deus”.
Foi
você, Taffarel, protetor humilde da nossa grande área.
2003.
De repente, o fim. Só mesmo um homem sereno, de grandes convicções e avesso aos
holofotes pode encerrar a carreira como Taffarel. Ele está em uma tranqüila
estrada italiana, sozinho em seu carro, dirigindo para o treino de seu clube, o
Parma, quando resolve voltar para trás, para sua casa na Itália. Telefona para
o clube e avisa que está abandonando o futebol. Pressentimento ? Destino? Não,
apenas resolve, aos 37 anos, que já basta. “Não quero partida de despedida,
nada disso. Não creio que seja importante. A despedida que tive foi um jantar
que me fizeram meus amigos de Parma. Isso é o que levarei do futebol, as
amizades eu fiz no mundo todo”, declarou Taffarel poucos dias depois.
Assim
terminou a carreira do goleiro que conquistou o mundo com seu arrojo e
segurança na hora mais importante, a Copa do Mundo. Pouco se falou na imprensa
de sua despedida dos campos. Raras colunas e reportagens especiais foram
escritas. Talvez porque não fosse figura de grandes declarações e polêmicas.
Talvez
porque realmente fosse diferente, como acreditou numa noite mágica da Riviera
francesa.
Faltaram
então palavras para explicar um goleiro e homem que tinha asas.
(Publicado em meu último livro, Heróis do Esporte, Heróis da Vida)
sexta-feira, 13 de abril de 2012
100 anos de molecagens
Conheci a dor no futebol e na vida (na vida de um garoto do
passado o futebol era igual à vida), com a alegria dos Meninos da Vila
originais. Meu São Paulo de Valdir Perez, Getúlio, Dario Pereyra, Serginho, Zé
Sérgio e cia, que ensaiava uma fantástica equipe para os anos 80, acabou
perdendo o Paulistão de 78 para o renovado Santos de Pita, Nilton Batata, Juari
e João Paulo. Naqueles tempos o Paulistão era um super campeonato empolgante em
que os clubes grandes davam tudo (não se dividia o Estadual com a Libertadores
e Copa do Brasil), enchiam os estádios (qualquer clássico tinha 100 mil pessoas
no Morumbi) e ainda penavam contra fortes e aguerridas equipes do interior.
Lembro até hoje da leveza, habilidade e velocidade daquele ataque infernal
santista, armado pelo meia Pita para as arrancadas supersônicas de Nilton
Batata e João Paulo pelas pontas (sim, ainda existiam pontas, e eles partiam
pra cima e sabiam cruzar e passar na medida além de driblar...), até a conclusão mortal do ligeiro e
sempre bem colocado Juari. Eram dois timaços e a juventude santista acabou
levando a melhor na melhor de 3 jogos, o que mostrou que apostar na molecada
era um ótimo investimento.
Hoje, depois de mais duas gerações vencedoras de endiabrados
Meninos da Vila (a 2ª teve Robinho, Diego e Elano; a 3ª, Neymar e Ganso), e do
sucesso das canteras do Barcelona, só mesmo os nossos dirigentes brasileiros cegos
(ou metidos em armações e comissões com empresários...) para não perceberem que
a arte perdida do futebol brasileiro só pode voltar a surgir apostando-se na
molecada.
Hoje, temos Neymar e só. Sorte dos alvinegros praianos, que
ainda podem vê-lo em ação, e azar da maioria dos outros clubes e de nossa
seleção burocrática, onde Neymar não pode fazer milagres sozinho.
Parabéns aos 100 anos de um clube que sempre investiu na
arte desde quase o berço, dos meninos das areias de suas praias.
PS - Graças que pelo menos um dos Meninos da Vila virou Tricolor. Mais que isso, um verdadeiro maestro: Pita. Foi dos pés geniais dele que saíram muitos dos gols e títulos do talvez São Paulo mais bonito da história, a máquina de Pita, Silas, Muller, Careca e Sydney, campeões paulistas e brasileiro na metade dos anos 80.
* Assistam ao vídeo também, tricolores, para ver golaços de um time que não foi campeão, mas já brilhava.
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