Mesmo vazia ela já mete medo, tamanha a inclinação dos
degraus das arquibancadas. Sentimos uma vertigem ao andar por ali, quase um
abismo. Imagine-a então plena, lotada, incendiada de milhares de apaixonados enlouquecidos
de azul e amarelo. O abismo multiplica-se pelas milhares de vozes que gritam
numa sintonia tão bela quanto brutal, como se fossem uma só voz. Essa voz,
multiplicada por dezenas de milhares, é o grito dominador e aterrador que
desaba como aqueles degraus ultra inclinados. Desaba sobre os adversários. Na
paixão da massa boquense e na razão arquitetônica de um estádio feito
exatamente para isso - para projetar-se sobre o campo e soterrar os inimigos
enquanto o time da casa ganha uma motivação e calor monumental.
La Bombonera é atirada de uma vez só sobre o rival, e logo o
asfixia. Paralisa. Os jogadores adversários não conseguem nem conversar, sufocados
e calados pela massa, pelo estádio, pela história desse templo mítico. O templo
que é fruto da maior paixão da terra das paixões mais fanáticas. Uma paixão
imortal que transforma antigos deuses do clube, como Maradona, Tevez, Palermo e
cia, em torcedores e forças especiais a tornar essa catedral ainda mais diabólica
na hora das grandes decisões. Por isso a Bombonera é alçapão, infernalmente
azul e amarelo. Mais que isso, caixão para os hipnotizados e subjugados rivais.
Hoje, é tudo isso que o Corinthians enfrentará. Estará preparado para a fornalha um time que espera os adversários e, por isso, será ainda mais pressionado na Bombonera? Ou Tite terá coragem de mudar um pouco o seu sistema?
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