sexta-feira, 13 de abril de 2012

100 anos de molecagens


Conheci a dor no futebol e na vida (na vida de um garoto do passado o futebol era igual à vida), com a alegria dos Meninos da Vila originais. Meu São Paulo de Valdir Perez, Getúlio, Dario Pereyra, Serginho, Zé Sérgio e cia, que ensaiava uma fantástica equipe para os anos 80, acabou perdendo o Paulistão de 78 para o renovado Santos de Pita, Nilton Batata, Juari e João Paulo. Naqueles tempos o Paulistão era um super campeonato empolgante em que os clubes grandes davam tudo (não se dividia o Estadual com a Libertadores e Copa do Brasil), enchiam os estádios (qualquer clássico tinha 100 mil pessoas no Morumbi) e ainda penavam contra fortes e aguerridas equipes do interior.
Lembro até hoje da leveza, habilidade e velocidade daquele ataque infernal santista, armado pelo meia Pita para as arrancadas supersônicas de Nilton Batata e João Paulo pelas pontas (sim, ainda existiam pontas, e eles partiam pra cima e sabiam cruzar e passar na medida além de driblar...), até a conclusão mortal do ligeiro e sempre bem colocado Juari. Eram dois timaços e a juventude santista acabou levando a melhor na melhor de 3 jogos, o que mostrou que apostar na molecada era um ótimo investimento.
Hoje, depois de mais duas gerações vencedoras de endiabrados Meninos da Vila (a 2ª teve Robinho, Diego e Elano; a 3ª, Neymar e Ganso), e do sucesso das canteras do Barcelona, só mesmo os nossos dirigentes brasileiros cegos (ou metidos em armações e comissões com empresários...) para não perceberem que a arte perdida do futebol brasileiro só pode voltar a surgir apostando-se na molecada.
Hoje, temos Neymar e só. Sorte dos alvinegros praianos, que ainda podem vê-lo em ação, e azar da maioria dos outros clubes e de nossa seleção burocrática, onde Neymar não pode fazer milagres sozinho.
Parabéns aos 100 anos de um clube que sempre investiu na arte desde quase o berço, dos meninos das areias de suas praias.
PS - Graças que pelo menos um dos Meninos da Vila virou Tricolor. Mais que isso, um verdadeiro maestro: Pita. Foi dos pés geniais dele que saíram muitos dos gols e títulos do talvez São Paulo mais bonito da história, a máquina de Pita, Silas, Muller, Careca e Sydney, campeões paulistas e brasileiro na metade dos anos 80.
* Assistam ao vídeo também, tricolores, para ver golaços de um time que não foi campeão, mas já brilhava.

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